A CIDADE E AS SERRAS de EÇA DE QUEIRÓZ (Livros do Brasil)

A Máquina não isola o Homem dos grandes problemas da Natureza, mas insere-o mais profundamente neles ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY

Esta semana, a minha proposta é um dos meus livros favoritos de sempre.Já o li, vai para uns vinte anos, mas ainda permanece em mim toda a história, e o sentido que lhe subjaz. Podia começar por dizer, que Eça de Queiróz é, e será para mim, o autor português que mais prazer me dá ler. Ainda não lhe encontrei uma obra que fosse menos boa. Não li tudo, é certo, mas do que li formei esta opinião. A forma como descreve personagens e ambientes, a inteligência com que identifica e caracteriza cada um dos intervenientes nos seus romances, a ironia e o humor com que pontua a narração, são no minimo brilhantes. Temos vários exemplos na sua obra de personagens que se tornaram “clássicos” e por isso mesmo intemporais. A escolha é abundante, desde o Conselheiro Acácio de “O Primo Basilio”, passando pelo Padre Amaro, até ao, para mim genial Jacinto de Tormes deste “A Cidade e as Serras”. A actualidade, que se atribui de forma geral ao que Eça escreveu, deve-se, na minha modestíssima opinião, à sua capacidade ímpar para identificar e retratar os vícios e as tentaçõeshumanas, mas também, e mais ainda, de identificar uma certa atitude muito portuguesa de encarar a vida. De regresso à sugestão de leitura desta semana, esta sim, absolutamente essencial para quem diz gostar de ler, e como não gosto muito de antecipar enredos, direi apenas que é uma romance que versa sobre a inutilidade de uma certa e excessiva abundância material. Jacinto de Tormes, que vive em Paris, no célebre 202 dos Campos Elíseos, (um dia em outra crónica falarei de endereços literários famosos), cercado do maior luxo e obcecado com tecnologias e engenhocas. Num processo de progressivo desencanto, exemplarmente contado pelo narrador, o amigo José Fernandes, troca essa vida de fausto por um regresso a Portugal, a Tormes, casa-mãe de sua familia, no Douro, onde vai reencontrar a vida numa forma mais simples. Este livro, conta a história de um caminho que se faz, rumo ao equlibrio entre o material e o espiritual na vida. Temos muito do Jacinto de Paris nas nossas vidas. Façamos pois essa viagem com ele, rumo a uma realidade mais simples, mas seguramente não menos Feliz. Boas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:

As Benevolentes de Jonathan Litell (D. QUIXOTE)

Peregrinação de Enmanuel Jhesus de Pedro Rosa Mendes (D. Quixote)

As Loucuras de Brooklyn de Paul Auster (ASA)

Comentários

Bípede Falante disse…
Trouxe de herança a coleção do Eça que era do meu pai. Agora, agora no ano que vem, nas férias de janeiro, vou começar a lê-lo de verdade! :)

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