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A mostrar mensagens de 2015

MATARAM A COTOVIA de Harper Lee (Relogio d'Agua)

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"É aquilo que fazemos do que temos, e não o que nos foi dado, que distingue uma pessoa de outra." Mandela , Nelson O recente lançamento de “Go set a watchman”, de Harper Lee, cinco décadas depois de “To Kill a Mockingbird” de 1960, mais a ideia que tenho do filme de 1962 com Gregory Peck no papel de Atticus Finch, levou-me a querer ler o livro. Ainda bem que o fiz. Damos por vezes conta de que nos faltam coisas apenas depois de sabermos que elas existem. Não e possível relegar para segundo plano alguns factos importantes, a personagem literária de Atticus Finch aparece inúmeras vezes citada como uma das melhores do Seculo XX, literariamente falando. O papel desempenhado por Gregory Peck no filme acima citado valeu a esta personagem o título de ”Greatest american hero in American film” (American Film Institute, 2003). Há mais, este foi o único livro de Harper Lee ate ao presente ano de 2015, e eu tenho um carinho especial por livros sem irmãos. Também por autores de liv

September Books

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Pó, Cinza e Recordações de J. Rentes de Carvalho (Quetzal)

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"Aquele que não tem memória arranja uma de papel" Gabriel Garcia Márquez Creio não ser de especial importancia que me repita aqui. José Rentes de Carvalho é para mim o melhor escritor português vivo. Tendo eu fundadas dúvidas que alguns dos que são publicados hoje em dia estejam de facto vivos. É que a diferença é tal, entre os que pretendem ser e os que são de facto, que chega a gerar um sentimento de pena genuina por algumas almas que se entretém ( a eles evidentemente ) a fazer chegar às estantes coisas "tipo arte". Coisas essas, cujo interesse e relevância estou certo, o Tempo, esse que é o critico em absoluto, as relegará para onde merecem, algures entre a nobre função de acender o lume ou outro tipo de reciclagem menos combustivel. Dito isto, passemos a outro patamar. Sabe quem tem tido o privilégio de acompanhar o blogue "Tempo Contado" do autor, o nível do que por ali tem vindo a ser publicado (infelizmente, e sublinho muito infelizmente,

A Mulher Mais Bonita da Cidade de Charles Bukowski (Alfaguara)

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Lido ao mesmo tempo que o "Música para Àgua Ardente" também de Bukowski. Tudo que disse, se pode aplicar neste também livro de contos. Dá-se até o estranho caso, de sendo dois livros de editoras diferentes, terem ambos repetido um mesmo conto. Descubram-no :) Para opinão ver : http://estanteacidental.blogspot.pt/2015/07/musica-para-agua-ardente-de-charles.html NA MESINHA DE CABECEIRA: O MUNDO DE FORA de Jorge Franco (Alfaguara) TUDO O QUE SOBE DEVE CONVERGIR de Flannery O'Connor (Cavalo de Ferro) A MULHER MAIS BONITA DA CIDADE de Charles Bukowski (Alfaguara) ROMANCE ACIDENTAL de Martha Woodroof (ASA) OS SALTEADORES DO NILO de Steven Saylor (Bertrand) O PACIFICO DE LÉS-A-LÉS de Michael Palin (Bizâncio) ORGULHO E PRECONCEITO de Jane Austen (Ed. Presença) D. QUIXOTE DE LA MANCHA de Miguel de Cervantes - Versão de Aquilino Ribeiro (Bertrand) A CONVERSA DE BOLZANO de Sandor Marai (D. Quixote) VIAGEM AO FIM DA NOITE de Louis-Ferdinand Céline (Uliss

O Outro Lado do Paraiso de Paul Theroux (Quetzal)

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"Foges em companhia de ti próprio: é de alma que precisas de mudar, não de clima" Séneca O primeiro livro de Paul Theroux que li. Já há algum tempo que sucessivas indicações, de amigos e da crítica me diziam ser este um autor excelente no registo de livros de viagens. Disso são exemplos "O Grande Bazar Ferroviário" ou "O Velho Expresso da Patagónia". Há esperas que valem a pena. Esta é uma viagem interior. Um relato de um regresso a um sitio onde outrora se foi feliz. O protagonista Ellis Hock, depois de um divórcio tardio e de se desfazer dos negócios que mantinha, regressa a Lower River no Malawi. É a história, contada de forma superior de uma vida que permanece pendurada numa memória de felicidade anterior. Numa outra terra, num outro tempo e com outras personagens, vamos acompanhando este percurso de perseguição de um sonho. Com tudo o que os sonhos tem. Magia, sedução, saudade, dor, alegria, encanto e desencanto, num rumo que, como a muitos de

Os Salteadores do Nilo de Steven Saylor (Bertrand)

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"Uma aventura vale na medida em que é perigosa" Agostinho da Silva Para quem acompanha as aventuras de Gordiano "O Descobridor" desde o primeiro numero da série Roma Sub-Rosa de Steven Saylor, haverá pouco a dizer. Para os demais, é sempre uma leitura descontraida a destes policiais passados na Roma Antiga, a maior parte deles em cenários e a acompanhar episódios históricos mais ou menos conhecidos, mas sempre excelentemente documentados. Gostei, como sempre gosto deste registo informal escrito em cima de um conhecimento profundo da História desta era em que Steven Saylor é muito mais do que um mero especialista. Livros e histórias sem pretensões literárias mas que nos deixam algum conhecimento de usos e costumes de outras gentes e épocas. Perfeito para o calor ( a história é passada no Egipto em 88 a.C.). Boas Leituras :) O MUNDO DE FORA de Jorge Franco (Alfaguara) TUDO O QUE SOBE DEVE CONVERGIR de Flannery O'Connor (Cavalo de Ferro) A MULH

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The Trip (2010) The Trip to Italy (2014)

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Sabe quem me conhece que, quando a vida se começa a tornar demasiado igual a si própria, uma das coisas que mais prazer me dá e que me devolve algum nível de sanidade, é viajar com destinos o menos definidos possiveis.  Não sendo o caso desta série televisiva ("The Trip" 2010) e posterior filme ("The Trip To Italy" 2014), que leva Steve Coogan e Rob Brydon, numa viagem, primeiro pelo Norte de Inglaterra e depois a Itália, em missão confiada por um jornal britânico, a visitar alguns muito bons restaurantes. E não é igual, porque, sendo menos "road trip" no meu sentido de ir e ir vendo, tem dois ingredientes absolutamente espetaculares e que são do que mais me agrada, a explosiva mistura entre Amizade e Boa Mesa. Assim, fica mais uma sugestão para se divertirem com este par estranho e cómico e ficarem, como eu, a aguardar oportunidade para fazer o mesmo, nestas ou noutras estradas. Estradas e restaurantes não faltarão, o Steve Coogen desta próxima viagem

NÚMERO ZERO de Umberto Eco (Gradiva)

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"Não conspira quem nada ambiciona" Sófocles Este é um livro que se reconheceria de Umberto Eco de muitas formas. Abandona aqui Eco uma temática que tem sido presente em algumas das suas obras, o hermetismo e o esoterismo, mas recupera um tema que é um dos seus grandes talentos, uma teoria da conspiração. Para além de uma muito interessante análise de uma forma de fazer imprensa, que se nos afigura apesar de absurda ser possível, neste relato da vida breve de um jornal que não sequer para ser publicado. É um manual de edição informativa controlada nos seus mais diversos aspetos e tem momentos de grande humor. Tudo isto é desenhado com boas personagens e uma pequena história de amor. No entanto, e a verdadeira história dentro de todas estas é uma genial e, como a isto já nos habituou Eco, uma teoria alternativa sobre o destino final do “Duce” às mãos das forças libertadoras italianas. É o romance de Umberto Eco mais fácil e rápido de ler que me passou pelas mãos. Entre um

MÚSICA PARA ÁGUA ARDENTE de Charles Bukowski (Antígona)

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"A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria" William Blake Charles Bukowski tem vindo a tornar-se para mim uma das leituras mais frequentes nos últimos tempos. Como já por aqui tive ocasião de referir, não será o autor mais consensual, muito longe disso. O caráter excessivo quer do autor quer da obra são suscetíveis de chocar os leitores mais sensíveis. Ou pode mesmo não ser de todo o género de quem quer passar por umas horas de leitura sem ser consecutivamente provocado. Tudo isso é bastante provável. Se, no entanto, se conseguir ultrapassar alguma barreira que o pudor imponha, entra-se num universo literário absolutamente único. Este “Música para Agua Ardente”, é uma coletânea de short stories que ilustram bem o que é um tipo de escrita único e do qual não se consegue distinguir o que separa a realidade da ficção. O alter ego Henry Chinaski faz aqui também bastantes aparições, o que contribui para adensar a dúvida entre realidade vivida e ficcional. Não que