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A mostrar mensagens de janeiro, 2014

Deixa Lá e Más Novas de Edward St Aubyn (Sextante Editora)

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“Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso” Fernando Pessoa Um verdadeiro achado. Nem mais nem menos. Fruto da minha divisão mensal (e mental) de recolha de livros novos para a “Estante”, e que recordo, obedece a uma ordem mais ou menos estabelecida. Primeiro um livro de um autor que já conheça e do qual queira aprofundar a obra, depois um qualquer livro que esteja em voga (dentro de alguns parâmetros, evidentemente), depois uma obra aconselhada por amigos ou por   colegas leitores cuja opinião é sempre muito valiosa para mim, e por ultimo, uma escolha mais aleatória, mais livre se quisermos. Nem sempre esta ultima forma de trazer livros tem resultado. A quantidade verdadeiramente avassaladora de publicações que as livrarias oferecem torna a tarefa cada vez mais difícil. Mas uma ou outra vez acertamos no alvo. É o caso deste “Deixa Lá” e “Más Novas”, que aprendi, são os dois primei

Entradas Novas...

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Os primeiros de 2014

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ESTRADA PARA LOS ANGELES de John Fante (ALFAGUARA)

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“ Se tiveres as palavras, existe sempre uma hipótese de que irás encontrar o caminho” Seamus Heaney Depois do fantástico “A Primavera há-de chegar, Bandini”, e do prometido regresso à obra de John Fante, este segundo livro do chamado “Quarteto Bandini”, “Estrada para Los Angeles”. Consegue-se entender porque é que Fante é rotulado de “Deus” por Bukowski. É uma escrita tudo menos mainstream , e neste caminho de Arturo Bandini, somos levados por Fante a descer ao mundo frenético, neurótico e obsessivo, de um jovem adulto em total confronto com a vida e consigo mesmo. Escrito na primeira pessoa, é o próprio Arturo Bandini, que nos pinta todo o cenário. A sua relação conflituosa com a familia, a mãe e a irmã e um tio. Neste livro a figura do pai, central no primeiro, quase desaparece. Entra em cena todo um mundo de inseguranças e destemores que caracterizam este personagem no final da adolescência. É um retrato impressionante de uma mente e de um escritor-personagem em embrião, que

O HERÓI DISCRETO de Mario Vargas Llosa (Quetzal)

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“ Um grande sacrificio é fácil, os pequenos sacrifícios contínuos é que custam.” Goethe Devo confessar de início, que não sendo o primeiro livro de Mario Vargas Llosa em que peguei, foi o primeiro que terminei. Acontece-me, e penso que será razoável supor que à maioria também, encontrar por vezes obras, que por um ou outro motivo, não conseguimos terminar. Tento sempre, ainda que por vezes a leitura passe de algo muito gratificante para perto do que se costuma chamar sacrifício, tento sempre fazer força para avançar em alguns livros, ou em alguns capítulos que teimam em não me oferecer motivo de interesse. Nem sem consigo. O que, também não é rótulo definitivo, nem para a obra em questão e muito menos para o respectivo autor. É mais do que frequente que a obra literária não seja sempre ao mesmo nível. Abundam os exemplos de autores de um único livro bom. Não é certamente o caso de Mario Vargas Llosa, apenas terei encetado a viagem pelo trajecto errado. Acontece. Já este “O Her

HISTORIAS DE LOUCURA NORMAL de Charles Bukowski (Alfaguara)

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“ Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão” Gilbert Chesterton De Bukowski quase tudo se pode dizer. Louco, visionário, poeta, provocador, subversivo, excessivo, alcoólico, génio, ou todo um mundo de contrários. Há, no entanto, uma caracteristica que marca os autores que deixam culto, não admitem zonas cinzentas. Ou se entra ou se fica à porta. E parece-me fácil de entender que assim seja. A obra de Bukowski, apesar do cada vez maior consenso (que se estabelece sempre com maior facilidade para além do homem e muito mais para além da morte deste), é claramente singular. A marginalidade do autor está em cada linha que escreve. O excesso, o não se conter em barreira nenhuma, nem de forma e muito menos de conteúdo, torna o que escreve muitas vezes em algo de profundamente crú, brutal e mesmo demencial. Eu, e o facto de o sugerir comprova-o, gosto. Gosto deste livro de contos e crónicas num registo de raiva, desespero, por vezes de complac