Deixa Lá e Más Novas de Edward St Aubyn (Sextante Editora)
“Despreza
tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao
desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso” Fernando
Pessoa
Um verdadeiro achado. Nem mais nem menos. Fruto da minha divisão mensal
(e mental) de recolha de livros novos para a “Estante”, e que recordo, obedece
a uma ordem mais ou menos estabelecida. Primeiro um livro de um autor que já
conheça e do qual queira aprofundar a obra, depois um qualquer livro que esteja
em voga (dentro de alguns parâmetros, evidentemente), depois uma obra
aconselhada por amigos ou por colegas leitores
cuja opinião é sempre muito valiosa para mim, e por ultimo, uma escolha mais
aleatória, mais livre se quisermos. Nem sempre esta ultima forma de trazer
livros tem resultado. A quantidade verdadeiramente avassaladora de publicações
que as livrarias oferecem torna a tarefa cada vez mais difícil. Mas uma ou
outra vez acertamos no alvo. É o caso deste “Deixa Lá” e “Más Novas”, que
aprendi, são os dois primeiros volumes de um total de cinco que compões a
história da vida de Patrick Melrose e da sua família. O primeiro, que retrata a
primeira infância de Patrick sob a influência de um ambiente famliar
completamente disfuncional, numa família da aristocracia inglesa, com uma mãe e
um pai não existentes e que cometem todo o tipo de abusos sobre Patrick e sobre
todos que com eles convivem. Um compêndio sobre o snobismo, o desprezo e a
degradação moral, que se reúnem na personagem David, o pai de Patrick. Uma
lição sobre um mundo à parte, com contornos abjectos e sombrios, escrito de
forma absolutamente superior. No segundo, Patrick viaja para Nova Iorque para
resgatar as cinzas do pai que morre de repente. Já com vinte e dois anos, Patrick
é o centro de um vórtice de abuso de drogas, álcool e de uma profunda
vacuidade, da qual não parece ser capaz de se afastar. Um segundo capitulo que
descreve uma descida ao mais profundo e aviltante universo interior de Patrick
que nos parece fatalmente destinado a coisas menos boas. Poderoso, simbólico, e
muitas vezes terrivelmente presente, na forma como StAubin nos pinta o degredo
galopante desta personagem. Fico claramente à espera de continuar a ler, e a
viver de forma indireta, esta história tão espetacularmente escrita. Aconselho
sem reservas.
Boa Semana e Boas Leituras!!!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas Pynchon
(Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
A RAPOSA AZUL de Sjon (Cavalo de Ferro)
À MESA COM KAFKA de Mark Crick (Casa das Letras)
LISBOA (A cidade vista de fora 1933-1974) de Neil Lochery (Editorial
Presença)
ESCREVO PARA AJUSTAR CONTAS COM A IMPERFEIÇÃO de Ricardo Guimarães (Modo
de Ler)
FUGAS de Alice Munro (Relógio D´Àgua)
DANUBIO de Claudio Magris (Quetzal)
OS ANEIS DE SATURNO de W.G.Sebald (Quetzal)
ADMIRAVEL MUNDO NOVO de Aldous Huxley (Antigona)
OS VELHOS DIABOS de Kingley Amis (Quetzal)
TELEFÉRICO DA PENHA (IMAGINÁRIO E REALIDADE) de Esser Jorge Silva (Edições
Húmus)
LIBRA de Don DeLillo (Sextante Editora)
CRÓNICAS DO AUTOCARRO de Manuel Jorge Marmelo (Ed. Autor by Oporto
Lobers)
RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster (ASA)
HAM ON RYE (PÃO COM FIAMBRE) de Charles Bukowski (Ulisseia)
FESTA NO COVIL de Juan Pablo Villalobos (Ahab)
AMSTERDÃO de Ian McEwan (Gradiva)
THE CATCHER IN THE RYE (À ESPERA NO CENTEIO) de J.D. Salinger (Quetzal)
ALFABETOS de Claudio Magris (Quetzal)
PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS de Afonso Cruz (Alfaguara)
O TANGO DA VELHA GUARDA de Arturo Pérez-Reverte (ASA)
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