VÍCIO INTRÍNSECO de Thomas Pynchon (Bertrand)
“O que o povo chama vício é eterno; o que chama virtude é apenas moda” BERNARD SHAW
Acabado que está este “Vício Intrínseco” de Thomas Pynchon, há algo que me confunde. Este foi e é, o único livro que li deste autor. E é, no minímo incaracterístico, que, um autor, que vinha à partida integrado na “shortlist” para o Nobel deste ano, de entre o contingente de habituais favoritos norte-americanos, saía com um romance deste quilate. Para me fazer explicar melhor, este romance será um policial, com uma particularidade que o atravessa. Introduz-nos um personagem Larry (Doc) Sportello, um detective privado, que, tem por principal característica passar a vida debaixo do efeito de narcóticos ( e alista é longa). O romance que poderá ser descrito como um policial, com um enredo intrincadíssimo,e uma fluidez assinalável. É muito divertido e Pynchon demonstra grande inteligência e sobretudo poder criativo. Mas o que me causa um pouco de estranheza é mesmo a temática. Pynchon inventa aqui um aspirante a Sam Spade ou a Philip Marlowe, mas mergulha-o de tal forma num universo alternativo ( a “cena” hippie e surfista californiana dos final dos anos 60) que a trama se torna num verdadeiro turbilhão de “pistas” e direcções, nem sempre bem atadas no final. Dá de facto a ideia de um romance policial alternativo, com uma paisagem bem urdida de referências à cultura pop e ao submundo de uma Los Angeles que vive entre a praia, o surf e um catalogo de substâncias fumáveis e inaláveis mais ou menos inesgotável. Para quem espera uma escrita “Nobelizável”, em tudo que o termo encerra de alguma sobranceria e quiçá, pretensa intectualidade, pode não ser uma boa surpresa. Para quem, como eu, gosta de ler novos autores e formas de escrita singulares, este “Vicío Intrinseco” é obra de um Ás. Se somarmos a um guião de circulos nem sempre concêntricos, de crimes e pseudo-crimes, a descrição dos ambientes, a criação de personagens ímpares e muitos momentos de humor, damos conta que encontramos um autor que vale a pena seguir. É um livro dificilmente classificável, quer em género, quer na avaliação de gosto. Penso que deve situar-se um pouco na fronteira do amor/ódio, ou se gosta, e muito, como foi o meu caso, ou se deve detestar em absoluto. De todas as formas aconselho vivamente. Não penso parar por aqui a minha “descida” ou “subida”, (o futuro o dirá), a mais um universo privado de um escritor que congrega à partida um grande numero de seguidores e elogios pouco habituais por parte da crítica especializada.Boas Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
As Benevolentes de Jonathan Litell (D. QUIXOTE)
Peregrinação de Enmanuel Jhesus de Pedro Rosa Mendes (D. Quixote)
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Abraço