O SOL NASCE SEMPRE (FIESTA) de Ernest Hemingway

“A vida é uma criança que é preciso embalar até que adormeça” VOLTAIRE

Antes de entrar na sugestão deste magnifico livro, deixem-me falar de uma ou duas coisas que esta obra sempre me suscitou. Não sei se há, ou se é possivel identificar um tipo de escrita ou literatura por género. É uma discussão que já tive mais do que uma vez, se há livros que só poderiam ter sido escritos por um homem e outros que só poderiam ter sido escritos por uma mulher. A minha singela opinião é a de que nos grandes livros não cabe essa distinção, e provavelmente não fará qualquer sentido procurá-la. Digo isto porque, paradoxalmente ao que antes afirmo, este é um daqueles livros que me parece precisamente que não existiria pela pena de uma mulher. Aviso desde já, que não tenho qualquer preconceito de género, é apenas pelas temáticas e pela forma de escrever e Hemingway que se me suscita esta impressão. Não sei se alguém a partilha, mas o que é facto é que ela se me impõe sempre que falo deste autor. Talvez a muita caça, pesca, guerra, festa brava e alcóol me empurre para essa conclusão, o que em teoria não sendo rigoroso que uma escritora o não possa juntar, nestas proporções, e com este lado tão “cliché” nesta mistura, me parece menos provável. Outro assunto, este completamente diverso e mais mundano é o dos chamados “livros de férias”. Começa por volta desta altura, coincidente com o amenizar do tempo, a ver-se em diversos locais públicos, praças, jardins, praias e esplanadas, muito e boa gente a trazer à luz do dia, e às respectivas mesas de café os livros que se supõe ser boa prática ler nas alturas de ócio. A minha (ou as minhas opiniões) a respeito desta temática, não cabem neste espaço que “o Povo” generosamente me oferece, mas posso pelo menos deixar algumas curtas ideias: No que me diz respeito, não há “livros de férias” fora daqueles inquéritos idiotas em que se pergunta a veraneantes mais ou menos desconhecidos o que estão a ler no momento (o que em si constitui por vezes momento de grande diversão pelas respostas). O gosto e o prazer de ler, não dão trabalho, logo por conceito, sem trabalho não se lhe pode contrapor as férias. De qualquer forma sou adepto de que se passeiem livros por todo o lado, é talvez a melhor propaganda à leitura que se pode fazer. Vê-los e lê-los, no espirito de “quem não é visto não é lembrado”. A este assunto regressarei de certeza porque a época a isso obriga. Bem, com tudo isto a pesar na paciência dos meus eventuais leitores, resta-me voltar ao que me aqui importa, “O Sol Nasce Sempre” de Hemingway. Como muitas vezes acontece, é daquelas coisas da vida de que mais gostamos de que temos mais dificuldade em encontrar forma e adjectivação sucifiente para ilustrar. Este livro é seguramente um dos que integraria um eventual Top dos meus livros favoritos. Tem tudo o que um enorme escritor consegue semear numa obra. Autenticidade sobretudo. A história, que, e aqui também releva a experiência de vida de quem escreve, é a de um jornalista americano ferido na guerra em Paris. Encontra-se nesta obra um certo conceito de tédio emocional e solidão das grandes metrópoles, que faz com que se parta à descoberta de outras paragens, mais rústicas, mais simples e mais tradicionais. Não, não é um livro a glorificar a tourada, só que não leu o pode afirmar. É um dos raros livros que conheço que celebra a vida por contraponto ao seu extremo e onde se faz de uma certa coragem física e anímica um tónico contra a morte. Muito melhor que falar sobre este “Fiesta” é vivê-lo e sentir que há obras e autores imortais!Boas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:

A Conspiração Contra a América de Philip Roth (Dom Quixote)

A Casa Verde de Mario Vargas Llosa (Dom Quixote)

Suite Francesa de Irene Nemirovsky (Dom Quixote)

Comentários

Bípede Falante disse…
Li quando era adolescente. Li com o título O sol também se levanta, mais a ver com o original, não é?
Tenho uma quantidade de livros dele. Sexta, fui ver o Midnight in Paris e fiquei com vontade de reler alguns :)
beijoss

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