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A mostrar mensagens de fevereiro, 2012

V. de Thomas Pynchon (Bertrand)

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"Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite” Edgar Allan Poe Este é o romance de estreia de Thomas Pynchon, publicado a primeira vez em 1963 e muito bem recebido pela crítica. É um livro poderoso, um daqueles livros cuja marca de autor é absolutamente reconhecível. Não consigo imaginar outra pessoa a conseguir o efeito literário neste V. da forma que Pynchon o fez. O livro, cuja linha de rumo segue um bando de personagens atípicas, de entre as quais avultam Benny Profane e Stencil, leva-nos numa viagem a um universo onírico, de onde só conseguimos retirar algum sentido se nos deixarmos levar por esse registo que nos afasta do real e nos aproxima mais de um cenário de sonho. Não me parece que um autor banal consiga imprimir um ritmo e fornecer um manancial de informação tão vasto, num registo de não-realidade (ou quase realidade) sem cair na vulgaridade ou na mais simples e prosaica total inverosimilhança da história. É complet...

SOLDADOS À FORÇA de David Lodge (ASA)

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"Detesto, de saída, quem é capaz de marchar em formação com prazer ao som de uma banda. Nasceu com cérebro por engano; bastava-lhe a medula espinal” ” Albert Einstein Não é segredo que David Lodge é um dos meus autores favoritos. Já por mais de uma vez aqui tenho sugerido livros da sua obra. Este, que tem algum registo autobiográfico, se bem que não seja dos mais conhecidos nem mesmo dos que mais sucesso de vendas atingiu, é um dos que mais gostei de ler. David Lodge é um mestre na arte de descrever a relação do individuo com grandes organizações e as próprias relações entre indivíduos que fazem parte destas. Boa parte do melhor que tem publicado versa sobretudo das vicissitudes do meio académico, de onde posso destacar títulos como “O Mundo é Pequeno” ou a “Troca” que são do melhor que tenho encontrado, neste registo de extrema atenção ao pormenor e de um sentido de humor apuradíssimo. Ao penetrar no meio castrense, o nível não baixa minimamente. É um retrato completo d...

OS IMPERFECCIONISTAS de Tom Rachman (Editorial Presença)

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"Os jornais são os arquivos das futilidades” Voltaire Mais um “raid” pelas livrarias e mais duas capturas efetuadas. Acontece não raras vezes que o objetivo inicial se transforma junto das estantes de livreiros e livrarias. Vou normalmente com um ou outro livro, ou mesmo autor em vista e depois, geralmente sem motivo aparente, chego a casa com algo completamente diferente do que pretendia. O grande prazer de ir comprar livros, no meu caso é mesmo esse, é liberdade de poder olhar para os obras em exposição e poder mentalmente adiar algumas que (às vezes acontece) me pareciam há bem pouco tempo, leituras absolutamente urgentes. Nas leituras como na vida os alvos vão mudando, muitas vezes sem nos darmos conta disso. Assim, este livro “Os Imperfeccionistas” cativou-me sobretudo pelo título, em primeiro lugar, e logo de seguida pela sinopse. Se há território sobre o qual gosto bastante de ler é o meio editorial, seja ele livreiro, jornalístico ou académico. Tenho ao longo des...

Novas entradas!

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Guimarães no Século XX Vol. II de Raul Rocha (Povo de Guimarães)

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"Não saber o que aconteceu antes do teu nascimento seria para ti a mesma coisa que permanecer criança para sempre” Cícero Estou absolutamente certo de que me vão perdoar a sugestão despudoradamente “caseira”. Faço-o, a exemplo de todos os livros que aqui sugiro, única e exclusivamente pelo mérito da obra e pelo prazer que respetiva leitura me deu. É uma viagem ao coração dos acontecimentos mais ou menos públicos que formataram grande parte do século XX Vimaranense. Se as personagens, felizmente, em alguns casos me são familiares, o cenário é absolutamente o meu, ou melhor dito, o nosso. Tento desde há muitos anos acompanhar o que se vai publicando desde e sobre Guimarães e mesmo adquirir obras já mais antigas sobre tudo que se relacione com a nossa cidade. Será mais uma manifestação deste sentimento identitário por vezes exagerado, mas que a nós Vimaranenses nos une, sem necessidade de grandes e elaboradas explicações. Estive presente no lançamento público deste livro e ...

Para quando a publicação em Portugal?

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O Escrivão Público de Tahar Ben Jelloun (Cavalo de Ferro)

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"Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens.” Arthur Rimbaud Mais um livro surpreendente. Como de costume, na minha longa carreira de fiel depositário de ofertas de amigos que partilham comigo este caminho através dos livros, demorei algum tempo até chegar a este pequeno volume que me introduziu em algumas boas novidades. Era-me completamente alheio o nome do autor. Tahar Ben Jelloun, marroquino de nascença e educação, passa a residir no princípio dos anos 70 em França e é aí que se torna conhecido e regularmente publicado. Tenho de confessar que a literatura árabe é para mim território quase virgem, não por qualquer motivo especial, mas sim pela mais prosaica falta de acesso e recomendações nesse sentido. No entanto este Escrivão Público vem de certa forma acordar-me para essa falha. O autor, em consulta livre que fiz, e que pude constatar neste livro que hoje se recomenda, utiliza muitas vezes referências autobiográficas e as próprias persona...