O JOGO DO ANJO de Carlos Ruiz Zafón (D. Quixote)

"O jogo é um corpo-a-corpo com o destino." Anatole France

Chegados que somos a vésperas de férias do jornal, que retomará publicação em Setembro, deixo aqui mais uma sugestão para o período que se segue e que, espero, seja também de descanso e de boas leituras. Uma vez mais, a ordem dos fatores se tornou arbitraria, nesta minha incursão pelo universo literário de Carlos Ruiz Zafón. Este é o segundo livro da esperada e celebrada tetralogia deste autor. Comecei pela “Sombra do Vento” e, como decerto se recordarão, aqui sugeri recentemente “O Prisioneiro do Céu”, a mais recente das obras deste conjunto. De qualquer forma a intenção anunciada do autor é a de que cada um destes tomos seja tomado como um livro único, uma história centrada em si mesma, se bem que, como sabem os que já leram mais de um destes livros, tudo esteja interligado. A estrela de toda esta saga é Barcelona, os seus ambientes e cenários desde a primeira Exposição Universal. Carlos Ruiz Zafón, criou uma panóplia de personagens riquíssimas que habitam uma Barcelona mística, gótica e onde o fantástico se cruza com uma atmosfera sempre densa em suspense e inquietação. As personagens centrais continuam neste como no primeiro à volta da livraria dos Sempere, da fabulosa criação que é o “Cemitério dos Livros Esquecidos” e do seu guardião Monfort, do senhor Barceló, apenas faltando aquele que é, na minha singular opinião o espantoso Fermín Romero de Torres.Há no entanto algo que é infinitamente superior à simples soma das partes destes magníficos romances que é o que perpassa toda a obra: uma evidente e singular celebração dos livros, de quem os escreve, de quem os lê, ou simplesmente cuida e protege. Todos estes livros são um hino e uma homenagem ao livro e à escrita e ao amor à literatura. Não fora o talento absolutamente desarmante de Carlos Ruiz Zafón para nos levar ao sabor da pena por uma cidade mágica e personagens inesquecíveis e a ideia de base permaneceria um dado positivo. Na minha opinião, e relembro que esta coluna faz apenas sugestão literária, este foi, dos três livros lidos aquele de que mais gostei. Não tenho aqui espaço para grandes explicações sobre esta manifesta preferência, mas estou certo que vale a pena entrar neste “Jogo”, nem que seja para discordar completamente comigo. Esperando que este período de interregno estival sirva para descanso e períodos de excelentes leituras, despeço-me até Setembro com votos de:

Bom Agosto e… Melhores Leituras! J

Na Mesinha De Cabeceira:

Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)



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