O MEU PÉ DE LARANJA LIMA de José Mauro de Vasconcelos


“Tudo quanto é belo manifesta o verdadeiro” Vitor Hugo


Na minha busca de sugestões de leitura, faço aqui uma pequena pausa para todos aqueles que incessantemente se refrescam na novidade e na descoberta de novas obras e autores, para voltar um pouco atras no tempo e partilhar um pequeno prazer que também ajudou a formar a minha vontade de ler mais. Não sei se é um livro para crianças, para jovens ou para adultos, não me compete nem me apetece classificar. A meu ver é um livro de todos. Não para todos certamente, mas de todos, porque é uma obra que fala de algo especial de uma forma absolutamente maravilhosa. Não é fácil reproduzir a infância. Seja em que arte for, a infância encerra em si algo de especial e muitas vezes intangível. Esta obra consegue-o, e não me lembro de muito mais, na escrita, exceção ao Principezinho de Saint-Exupéry, que com um registo diferente também é capaz de nos maravilhar. A história é simples e complexa, mas faz-nos ver o mundo pelo seu lado maravilhoso. Maravilhoso e triste, sim porque é uma história triste com momentos verdadeiramente tocantes. Continuo, esta semana, a imaginar que só vai ler esta coluna, quem por um ou outro motivo, não tem hábitos certos de leitura. Este é um bom sítio para começar. Não é por acaso que “O Meu Pé de Laranja Lima” é uma das obras em português com maior número de traduções. É uma espécie de clássico moderno (convém relembrar que é de 1968, o que torna este livro num senhor quase da minha idade). Estou certo que muitos já o terão lido. Não estou certo que seja sempre a idade ou o momento certo para o ler ou reler. Mas estou seguro de que quem entre neste pequeno mundo, vai entender que é nas pequenas coisas, no olhar que se tem sobre o que se perde o que se ganha, e na simplicidade com que se olha de facto o mundo, que reside a essência da vida. Na altura em que o li pela primeira vez adorei, e a verdade é que ao relê-lo, reencontrei essa visão de pormenor que por vezes, no turbilhão dos dias apressados, nos escapa. É um prazer que se encontra também nos livros, o do reencontro. É uma maravilha quando estamos na estante, aparentemente ocupados a arrumar os livros mais recentes e redescobrimos algo de que gostamos e sem dar por isso voltamos a outros dias e outras vidas. É um livro de sempre, e isso não se diz deles todos. Voltem a ele ou descubram-no.
Boas Leituras e Boas Férias se for o caso!!!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE  de Thomas Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)
LOBO VERMELHO de Liza Marklund (Porto Editora)
O JOGO DO LEÃO de Nelson DeMIlle (Marcador)


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