INFERNO de Dan Brown (Bertrand)
“Acredito que
estou no Inferno, portanto estou nele” Arthur Rimbaud
Mais um regresso após a habitual pausa de Agosto. Como ainda nos mantemos
neste Verão sufocante de calor e incêndios a desmentir com todas as letras as
previsões boateiras que davam este estio como perdido, vamos a uma sugestão
tipicamente estival. De Dan Brown penso que não será necessário adiantar muito,
toda a gente que lê, conhece ou já ouviu falar no autor de “O Código Da Vinci”.
No seio de uma imensa oferta de livros que visam um entretenimento mais ou
menos inteligente, este autor destaca-se pela descoberta de uma fórmula de
sucesso que tem vindo a reproduzir livro após livro. A personagem, Robert
Langdon, que já se tornou uma marca comercial e cinematográfica volta a
protagonizar mais esta aventura. Se Brown trouxe com assinalável sucesso para a
ribalta os temas do hermetismo, esoterismo, dos cultos e seitas mais ou menos
discretos com obras anteriores, já este livro é uma espécie de corrida para
salvar o mundo de uma ameaça pandémica. A receita, apesar de reproduzir a fórmula
de que acima falamos é sempre agradável em termos de leitura. É mais uma
espécie de “caça ao tesouro” onde os personagens são guiados por pistas que
remetem para locais e factos históricos existentes. Tenho dito que estes
livros, que induzem mesmo a um certo tipo de turismo, fazem um bom papel como
guias. Este, leva-nos a conhecer, para além da obra e do autor que presidem à
trama, a Divina Comédia de Dante Alighieri, (da qual aqui falei à escassas
semanas por coincidência), as cidades de Florença, Veneza e Istambul. Dan Brown
imprime um ritmo acelerado ao que dele lemos, introduz na trama um sem número
de truques e artifícios que levam o leitor a nunca deixar de querer saber mais
sobre o que está, e sobretudo o que vai acontecer em seguida. Em suma, é um
livro que não nos muda a vida mas que nos entretém muito bem. E, pode sempre
acontecer, que numa das descrições de obras, monumentos ou locais do livro se
venha a encontrar assunto que nos leve a aprofundar conhecimento. Julgo que há
classificações para o género, não é no entanto assunto que me motive. É um
livro escrito para o mercado global e, globalmente agrada. Cumpre a sua maior
função que é oferecer algumas horas de divertimento. Nos livros como no resto,
aplica-se bem o célebre “toujours perdrix”. Bom regresso ao trabalho ou boas
férias mas sobretudo, muito Boas Leituras!
Boas Leituras e Boas Férias se for o caso!!!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas
Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortazar (Cavalo de Ferro)
AS AVENTURAS DE AUGIE MARCH de Saul Bellow (Quetzal)
PEYROTEO de João Nuno Coelho e Francisco Pinheiro (Ed. Afrontamento)
OS VELHOS DIABOS de Kingley Amis
(Quetzal)
OS ANÉIS DE SATURNO de W.G. Sebald (Quetzal)
DANÚBIO de Claudio Magris (Quetzal)
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