O TANGO DA VELHA GUARDA de Arturo Pérez-Reverte (ASA)
“A dança é
uma tentativa muito rude de penetrar no ritmo da vida” Bernard Shaw
Arturo Pérez-Reverte é um velho frequentador da minha estante. Será
talvez um dos escritores de língua espanhola mais traduzidos e vendidos no
Mundo. E não é por acaso. Uma longa experiência como jornalista e
correspondente de guerra forneceu-lhe a base de uma escrita sólida, credível e
estruturada. Sempre senhor de histórias e enredos excecionais, como é o caso de
alguns dos seus títulos que já por aqui sugerimos. A esse respeito voltamos a
incluir nesta nova sugestão, o reforço da última que foi “O Assédio”. Um grande
escritor tem também (e não o tem todos evidentemente) a capacidade de se
reinventar na escrita e nos temas que aborda. Pérez-Reverte, a cada obra que
cria também o faz. Já li de tudo um pouco. Policiais de grande nível, romances
históricos excelentes, relatos mais ou menos autobiográficos, e agora, uma
viagem ao século XX pontuada por uma história de amor improvável mas sobretudo
intemporal. Mais uma vez temos diante de nós grandes personagens, Max Costa, um
herói clássico, a quintessência do malandro de alta sociedade. Mecha Inzunza,
uma femme fatale que a vida aproxima
e afasta de Max ao longo dos dias. Romance pontuado pela criação de um tango, o
do título, também o livro é simultaneamente trágico e arrebatador. De uma viagem
transatlântica até Buenos Aires, onde a trama se adivinha, passando pela
Riviera Francesa dos anos 30 onde a intriga internacional que antecede a
Segunda Grande Guerra é algo de muito presente e palpável, até Sorrento dos
anos 60, este par vai de encontro em desencontro construindo uma história
excecionalmente bem pensada e melhor contada. Quem gosta de se perder nos
livros, nas vidas e nos caminhos que outros generosamente criam para nós,
encontra aqui uma belíssima oportunidade para o fazer em algumas horas de
leitura absolutamente viciante. Uma boa história bem contada continua a ser o
ingrediente fundamental para fazer um bom livro. O resto, no que diz respeito a
quem escreve, pode ser muito bom, arte até, mas é definitivamente com livros
destes que se ganha o prazer de ler. Aconselho sem o mínimo temor. J
Boa Semana e Boas Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
A MANCHA HUMANA de Philip Roth (D. Quixote)
CONTOS de Thomas Mann (Bertrand)
NOVE HISTÓRIAS de J.D.Salinger (Quetzal)
A MULHER QUE DECIDIU PASSAR UM ANO NA CAMA de Sue Towsend (Ed. Presença)
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas
Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
A RAPOSA AZUL de Sjon (Cavalo de Ferro)
À MESA COM KAFKA de Mark Crick (Casa das Letras)
LISBOA (A cidade vista de fora 1933-1974) de Neil Lochery (Editorial
Presença)
ESCREVO PARA AJUSTAR CONTAS COM A IMPERFEIÇÃO de Ricardo Guimarães (Modo
de Ler)
FUGAS de Alice Munro (Relógio D´Àgua)
DANUBIO de Claudio Magris (Quetzal)
OS ANEIS DE SATURNO de W.G.Sebald (Quetzal)
ADMIRAVEL MUNDO NOVO de Aldous Huxley (Antigona)
TELEFÉRICO DA PENHA (IMAGINÁRIO E REALIDADE) de Esser Jorge Silva
(Edições Húmus)
LIBRA de Don DeLillo (Sextante Editora)
CRÓNICAS DO AUTOCARRO de Manuel Jorge Marmelo (Ed. Autor by Oporto
Lobers)
RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster (ASA)
FESTA NO COVIL de Juan Pablo Villalobos (Ahab)
AMSTERDÃO de Ian McEwan (Gradiva)
ALFABETOS de Claudio Magris (Quetzal)
PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS de Afonso Cruz (Alfaguara)
Comentários
Sabe-me dizer, se por acaso "A floresta dos espíritos" foi o último livro traduzido de Jean-Christophe Grangé?
Não encontro nada em lado nenhum, e custa-me ver tão excelente romancista, o melhor de todos para mim, ser esquecidos quer por editoras, quer por leitores portugueses. Aliás, as editoras só se esquecem se os leitores esquecerem.
Abraço
Pelo que julgo saber sim. É o ultimo traduzido, o que faz com que pelo menos três dos seus mais recentes livros não tenham tradução entre nós: Miserere, Le Passager e Kaiken, se não estou em erro.
Tem outras obras em colaboração com outros autores das quais também não encontro tradução. É uma lástima, porque é o autor de thrillers mais impressionante que conheço em termos europeus nos últimos vinte anos.
Pelo que sei foi editado pela primeira vez pela ASA (tenho a primeira edição de 1999 dos Crimes dos Rios de Púrpura) e os últimos publicados pela "Guerra e Paz".
Vou mandar um email à editora a ver se temos novidades.
Obrigado pela visita,
Um Abraço e Boas Leituras,
Ricardo