GOODBYE COLUMBUS de Philip Roth (D. Quixote)
“Todos os meus dias são um adeus.“ François Chateubriand
Ando já há um bom par de anos a ler tudo
a que posso deitar a mão de Philip Roth. Desde o absolutamente incontornável
“Complexo de Portnoy” do qual já por aqui se falou, passando por alguns outros,
de forma aleatória, até chegar ao primeiro que escreveu, este “Goodbye
Columbus”. Como em muitas coisas na vida há um ritmo que é primordial. O
andamento das histórias muitas vezes determina o seu fim, a forma de contá-las
também é muitas vezes melhor ou pior conforme acompanha esse ritmo vital.
Philip Roth, tem essa característica mágica, que é tudo menos universal. A
questão do ritmo na escrita é para mim fundamental. E isso tem muito que ver
com a quantidade de detalhe que se introduz na trama. Nos casos, mais escassos
de grandes contadores de histórias, é frequente ver os cenários pintados a
traços largos, gerais e adicionar pormenor pela caracterização das personagens
ou ainda pelos diálogos. Roth é um mestre na forma como nos leva pela mão a
entrar nas vidas que nos conta. Cola-se muito a Roth o epiteto de escritor que versa
de forma singular sobre a essência do ser judeu. Um pouco como Woody Allen no
cinema, se aceitarmos a comparação. Não acho. Penso que quem escreve neste
nível ultrapassa completamente a redução do rótulo. Roth escreve sobre as
pessoas e sobre a vida, se calha serem judeus, paciência. Há quem escreva sobre
tudo e não diga quase nada. E há outros como Roth, que nos mostram como
funcionamos naqueles pequenos espaços mentais que pensamos muitas vezes que são
só nossos. Os melhores são assim, conseguem com uma situação ou um personagem
passar além do esperado. E Philip Roth, consegue-o com uma simplicidade que só
os mestres alcançam. Estou cada vez mais apostado em continuar a descobrir a
sua obra. Creio que é uma sugestão segura para os tempos que se seguirão, que
para muitos serão de férias e descanso, o que sempre convida mais a ler.
Boa Semana e Boas Leituras!!!
Na Mesinha De
Cabeceira:
OS FACTOS de Philip Roth (D.Quixote)
A SOMBRA DA ROTA DA SEDA de Colin
Thubron (Bertrand)
O FRANCO ATIRADOR PACIENTE de Arturo
Perez Reverte (ASA)
A IMPROVAVEL VIAGEM DE HAROLD FRY de
Rachel Joyce (Porto Editora)
AS LUZES DE SETEMBRO de Carlos Ruiz
Zafón (Planeta)
MAS É BONITO de Geoff Dyer (Quetzal)
VERDADE AO AMANHECER de Ernest Hemingway
ILHAS NA CORRENTE de Hemingway (Ed.
Livros do Brasil)
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de
Hernán Rivera Letelier (Quetzal)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar
(Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne
(Antígona)
FUGAS de Alice Munro (Relógio D´Àgua)
DANUBIO de Claudio Magris (Quetzal)
OS ANEIS DE SATURNO de W.G.Sebald
(Quetzal)
TELEFÉRICO DA PENHA (IMAGINÁRIO E
REALIDADE) de Esser Jorge Silva (Edições Húmus)
LIBRA de Don DeLillo (Sextante Editora)
RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster
(ASA)
AMSTERDÃO de Ian McEwan (Gradiva)
ALFABETOS de Claudio Magris (Quetzal)
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