MAUS de Art Spiegelman (Bertrand)


 
 
O Mal não pode vencer o Mal, só o Bem o pode fazer." Leon Tolstoi

De repente, e sem saber bem como, repetem-se leituras de novelas gráficas. Quase a seguir a “Logicomix”, já aqui sugerido, e por oferta de aniversário de um querido amigo, que é fã, do género em geral e desta obra em particular, assim aconteceu. É uma espécie de autobiografia do autor, na qual se incluem as memórias do seu pai durante a Segunda Guerra Mundial, mais particularmente com a perseguição aos judeus e o que veio a ficar conhecido como o Holocausto. A forma de retratar, os judeus como ratos, os polacos, como porcos, os alemães como gatos e os franceses como rãs, dá-nos um pouco a ideia de que Orwell teve alguma mão nisto, há alguma ligação invisível a “O Triunfo dos Porcos”. Mas é só pela utilização de animais como personagens, porque a história é toda ela humana, ou melhor dizendo desumana. Retrata com particular detalhe toda a espécie de exposição ao Mal a que o regime nazi submete as comunidades judaicas e todos os expediente utilizados por estas para garantir a mera sobrevivência num mundo de crueldade e ausência de perdão. É um bom livro. O formato ajudará a fazer passar a mensagem a outro tipo de leitores que se inclinam mais para este género. É um registo fortemente marcado pela vida do autor e da sua família, um relato de um passado que não devemos deixar esquecer nem aligeirar. Muito bom a todos os níveis, desde a conceção até ao ritmo e aos constantes regressos ao presente para nos dar a noção da diferença e do enorme privilégio que é viver numa realidade sem guerra e sem uma particular crueldade direcionada. É um retrato do Mal, do Mal que sabemos que existe, mas que muitas vezes fazemos de conta que não. Aconselho sem reservas. É um bom livro, com uma boa história, que apesar de parecer ter sido já contada muitas vezes, aqui tem uma leitura diferente e um olhar que merece a nossa atenção. Uma boa obra para nos ajudar às reflexões de final de ano. Para enquadrarmos aquilo que às vezes nos aflige e parece importante e que, quando comparado com a dimensão chocante destas histórias, nos dá a correta dimensão do somos e do tamanho dos nossos problemas.

 

Boas Festas e Boas Leituras!!!

 

Na Mesinha De Cabeceira:

 

MONTEDOR de José Rentes de Carvalho (Quetzal)

O LEGADO DE HUMBOLDT de Saul Bellow (Quetzal)

AMORES E SAUDADES DE UM PORTUGUÊS ARRELIADO de Miguel Esteves Cardoso (Porto Editora)

PANICO NO SCALA de Dino Buzzati (Cavalo de Ferro)

TUDO O QUE SOBE DEVE CONVERGIR de Flannery O´Connor

VITORIA de Joseph Conrad (Ulisseia)

OS FACTOS de Philip Roth (D.Quixote)

AMÁLGAMA de Rubem Fonseca (Sextante)

DJIBOUTI de Elmore Leonard (Teodolito)

ALGUMA ESPERANÇA e LEITE MATERNO de Edward St Aubin (Sextante)

O FILHO DE Philipp Meyer (Bertrand)

A CASA DA ARANHA de Paul Bowles (Quetzal)

A MULHER MAIS BONITA DA CIDADE de Charles Bukowski (Alfaguara)

TEATRO DE SABATH de Philip Roth (D. Quixote)

A HERANÇA de John Grisham (Bertrand)

STONER de John Williams (D. Quixote)

O TODO-MEU de Andrea Camilleri (Bertrand)

O TEOREMA KATHERINE de John Green (ASA)

CONTOS E NOVELAS I de Saul Bellow (Relógio d´Água)

AS LUZES DE SETEMBRO de Carlos Ruiz Zafón (Planeta)

MAS É BONITO de Geoff Dyer (Quetzal)

LIBRA de Don DeLillo (Sextante)

RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster (ASA)

ALFABETOS de Claudio Magris (Quetzal)

MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier (Quetzal)

O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)

DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)

DANUBIO de Claudio Magris (Quetzal)

OS ANEIS DE SATURNO de W.G.Sebald (Quetzal)

 

 

Comentários

Tita disse…
Ofereci este livro a mim mesma este ano e conto ler em breve =)
Continuação de boas leituras

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