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A mostrar mensagens de novembro, 2011

INFORSCRAVOS de Douglas Coupland (Teorema)

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"Nós nascemos, vivemos por um breve instante, e morremos. Sempre assim aconteceu durante imenso tempo. A tecnologia não ajuda muito isso – se é que muda alguma coisa” Steve Jobs Douglas Coupland é, de entre autores que marcaram mais ou menos uma época, mais conhecido pelo romance que o lançou no meio literário nos anos noventa do século passado, o sucesso editorial “Geração X”. Recordo-me bem de me ter sido na altura indicado por um amigo que estava a viver em Sydney, na Austrália e à data não estar ainda publicado entre nós. Há na literatura sempre autores cuja obra fica de certa maneira “colada” a um determinado período histórico, neste caso Douglas Coupland é um de entre muitos e bons exemplos de jovens escritores que (d)escreveram uma realidade particular de uma altura considerada no tempo. Tal como muitos de que aqui temos falado, e muitos deles escreveram obras magníficas a retratar a sociedade dessa altura, também este autor nos traça um retrato da tipologia social

EXODUS de Leon Uris

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"Os factos são sonoros. O que importa são os silêncios por trás deles.” Clarisse Lispector Nem sempre os livros de que me lembro para recomendar são os mais recentes. Este é um caso que configura algo de especial e que, poucas vezes me aconteceu. Muito menos vezes com romances de cerca de 600 páginas como este. Foi o primeiro livro de que tenho memória de ter livro do princípio ao fim sem interrupções. Comecei-o numa noite pelas vinte e duas horas e acabei já com o sol nascido perto das sete da manhã. Se melhor cartão-de-visita houvesse. Foi dos primeiros encontros que tive com uma forma de escrita absolutamente viciante. Leon Uris, o autor faz a história da criação do estado de Israel com recurso ao cruzamento de uma série de histórias individuais. O nome “Exodus” foi retirado de um navio de imigração de judeus com destino à palestina em 1947. Há inclusive um filme de 1960 que teve origem nesta obra, para quem se lembra, protagonizado por Paul Newman. Parece-me que no act

Porno Popeia de Reinaldo Moraes (Quetzal)

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"Perversidade é um mito inventado por gente boa para explicar o que os outros tem de curiosamente atractivo” Oscar Wilde Começo por um aviso, que aliás devia constar na capa deste livro. É para adultos! E de entre os adultos, refaço o aviso: não é para todos! É das coisas mais difícil de classificar de todas as que tenho lido, e não me refiro aos últimos tempos. De sempre! É um livro absolutamente genial. Brutal, crú, inteligente, escatológico, gráfico, descritivo, obsceno, mas sobretudo de um humor fora de série, e profundamente humano, é bom frisar. O titulo não é definitivamente uma manobra de marketing livreiro, é de facto uma espécie de porno (e)popeia. É talvez o retrato mais vivido de alguém que vive no extremo, o protagonista, o genial José Carlos (Zeca) conta-nos na primeira pessoa os dias e noites da sua vida absolutamente dissoluta. Não encontro nada de semelhante na literatura lusa de que me lembre, é como se houvesse um Irvine Welsh brasileiro, mas num registo

AS DESVENTURAS DO SR. PINFOLD de Evelyn Waugh (Relógio d´Água)

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"Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem” SAMUEL BECKETT É, confesso, a primeira leitura que faço de Evelyn Waugh. Facto que merecerá provavelmente alguma censura, sabendo-se que Waugh é autor de, entre outras obras “Reviver o Passado em Bridshead”, e um dos grandes romancistas e polemistas britânicos do Séc. XX. Este livro apesar de ser um pouco controverso relativamente à totalidade da obra de Waugh e ser por alguns tido como um produto relativamente menor no todo da obra, não deixa de não ser um excelente ponto de partida. Mantendo a fidelidade aos propósitos desta coluna de sugestões de leitura, não trago aqui nada que não me tenha dado prazer em ler. Com este livro não foi diferente. O inicio é absolutamente cativante com o "retrato do artista na meia idade", uma viagem a um universo interior de Gilbert Pinfold, o protagonista que é simultaneamente um alter ego de Waugh. A história tem uma origem assumidamente autobiografica. Reproduz uma das fases da v

Another one from my friend Miguel Bastos

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O Ladrão que Estudava Espinosa de Lawrence Block (Livros Cotovia)

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"O roubado que ri furta algo ao seu ladrão” William Shakespeare Há já algumas edições que aqui não se sugeria um policial. É, como se pode concluir da percentagem assinalável de sugestões do género, uma das minhas leituras favoritas. Este de que se fala hoje foi-me recomendado ( e dado a ler, valha a verdade…) pelo meu bom amigo Miguel Bastos, vimaranense dos sete costados emigrado em terras do Vale do Sousa. E a verdade toda é que até agora não tem falhado um único tiro, este não foi a excepção. Lawrence Block é um autor consagrado ne género, que apesar de tudo me era completamente desconhecido. São os casos em que mais prazer tiro da leitura, quando não conheço absolutamente nada do autor e a expectativa está somente ao nível da recomendação. Posso-vos dizer que gostei, apesar de também me ter sido dito que haverá obras menos conseguidas por Lawrence Block, esta não é certamente uma delas. De qualquer forma, como tenho o hábito de fazer, vou mais uma vez desfiar o novelo

Acidentalmente chegamos às Cem!

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"Eu sempre imaginei que o paraíso deve ser algum tipo de biblioteca” Jorge Luis Borges Esta semana esta coluna chega à sua centésima edição. Fizeram-se aqui mais ou menos o mesmo número de sugestões de leitura. Dentro do aleatório que é aquilo que tenho vindo a ler, ou coisas mais antigas cujo prazer de ler me apeteceu partilhar. O número em si, não significa nada, mas é uma boa oportunidade para falar um pouco da minha relação com os livros. Uma boa porção daquilo que sou hoje devo-o ao que li. Muito mais do que o que vivi por mim, grande parte da experiência de vida que me acompanha tomei-a emprestada de muitos e bons contadores de histórias. Hoje, talvez seja mais difícil acompanhar (e sobretudo escolher) tudo o que de bom vai sendo publicado. Numa lógica de “ publish or die ” que vem a ser o grande lema de editores e livreiros, temos as estantes das livrarias, as de facto e as virtuais, positivamente vergadas ao peso de muita coisa que não vale o papel em foi impressa.