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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

SE OS MORTOS NÃO RESSUSCITAM de Philip Kerr (Porto Editora)

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“Todos os opressores… atribuem a frustração dos seus desejos à falta de rigor suficiente. Por isso eles redobram os esforços da sua impotente crueldade.” Edmund Burke Uma vez mais regresso a um policial e um autor que já não lia há bastante tempo. Creio que o seu livro mais conhecido será “ O Projeto Janus ”, no entanto não foi por aí que vim a chegar aqui. Há dois livros mais antigos, de 1999 e 2001, respectivamente “ A Vingança Serve-se Fria ” e “ O Segundo Anjo ”, que me recordo ter lido com prazer na altura. O primeiro um thriller e o segundo um techno thriller futurista, ambos com bons enredos e boas personagens. Como Philip Kerr tem já bastante obra publicada e não sou conhecedor bastante desta, vou-me ficar pela sugestão desta sua última publicação. A obra, para não revelar demasiado, tem como cenários duas cidades que vivem ambas debaixo de regimes opressores e totalitários, Berlim nos anos 30, anos de afirmação do nacional-socialismo e da perseguição aos judeus e

A LEBRE DE OLHOS DE ÂMBAR de Edmund de Waal (Sextante)

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“Os bens que mais nascem do ânimo que da fortuna, melhor se asseguram, porque aqueles guardam-se no peito, e estes cansam os ombros” Pde. António Vieira Provavelmente um dos melhores livros que terei o privilégio de ler em 2013. Uma obra espantosa e maravilhosa. Um daqueles raros livros que junta um propósito particular de um autor a uma história que se transforma numa epopeia familiar que transcende claramente a mera investigação sobre o seu próprio passado. Edmund de Waal, autor deste livro único e deste único livro, é um ceramista britânico que recebe por herança um conjunto de miniaturas japonesas conhecidas como netsuke, de um tio-avô. Tendo por ponto de partida o percurso dessas peças carregadas de significados no seu périplo entre o Japão e a Europa, Edmund de Waal traça também o percurso dos seus antepassados, uma poderosa família judaica de origem Russa que estende o seu império financeiro por toda a Europa no final do Séc. XIX e primeiro terço do Séc. XX, os Ephru

Falta pouco...

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A INFORMAÇÃO de Martins Amis (Quetzal)

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“A censura é o imposto da inveja sobre o mérito” Laurence Sterne  Esta semana a sugestão é um livro especial. Esta obra, escrita ao longo de alguns anos por Martin Amis (filho de Kingsley Amis, cuja obra já referimos aqui na “Estante”), constituiu um facto editorial de monta, tendo sido feito o maior adiantamento do mercado editorial sobre a futura publicação deste livro. A esse propósito o autor perdeu inclusivamente a amizade de Julian Barnes (outro autor já aqui sugerido também). Assim, este “A Informação”, para além do valor intrínseco enquanto obra literária, tem também a sua própria história. E a história é muitíssimo interessante, e autobiográfica a fazer fé nas afirmações do autor. Dois amigos, diferentes entre si nos mais variados aspectos mas ambos com pretensões a escrever. Richard Tull seria à partida o mais equipado para ter sucesso, ganha em quase tudo a Gwyn Barry, no entanto quando o mais estrondoso sucesso editorial acontece a Gwyn, Richard, que ganha a vid

AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO de Steven Saylor (Bertrand)

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“Viajar, num sentido profundo, é morrer. É deixar de ser manjerico à janela do seu quarto e desfazer-se em espanto, em desilusão, em saudade, em cansaço, em movimento, pelo mundo além.” Miguel Torga  Deste autor e desta série penso que tenho tudo o que até agora foi publicado em Portugal. Steven Saylor é um académico que inventou uma forma muito interessante de nos fazer entrar na História. Para ser mais correto, não é apenas a forma, mas sobretudo uma interessantíssima personagem, que nos faz percorrer as mais extraordinárias etapas históricas da Roma imperial. Antes de entrar no livro propriamente dito há um pequeno mistério a resolver, facto do qual ainda não apurei o motivo, o certo é que, para uma dezena de livros que tenho deste autor e desta série a editora foi a Quetzal, sendo que neste há aqui uma possível “compra do passe” pela Bertrand. Detalhes. O que importa é que continuem a publicar estes livros absolutamente deliciosos. Para quem gosta do género policial his

Livros de Fevereiro

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UM APARTAMENTO EM ATENAS de Glenway Wescott (Relógio d´Agua)

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“A guerra é mãe e rainha de todas as coisas; alguns transforma em deuses, outros, em homens; de alguns faz escravos, de outros, homens livres.” Heráclito Livro que me foi oferecido por um amigo e que estava em segundas leituras já há bastante tempo. Tive agora finalmente oportunidade de o terminar e de aqui partilhar as minhas impressões sobre ele. Glenway Wescott é um nome relativamente obscuro no panorama literário norte-americano do século XX, mas é-o tão-somente porque numa vida relativamente longa publicou muito pouco, uma meia dúzia de livros entre o romance o conto e o ensaio, a par de um diário. É no entanto um dos escritores pertencentes à chamada “geração perdida”, tendo sido contemporâneo de Hemingway em Paris (de quem se diz que terá nele baseado a sua personagem Robert Prentiss no fenomenal Fiesta ( The Sun Also Rises ). A sua obra mais conhecida é “O Falcão Peregrino” e valeu-lhe por parte da critica um numero assinalável de comparações muito lisonjeiras. Este

PERSEGUIÇÃO ESCALDANTE de Janet Evanovich (Topseller)

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“O bom humor é a única qualidade divina do homem” Arthur Schopenhauer Enquanto se anda às voltas com algumas leituras mais volumosas e densas, para intervalar, nada melhor que uma olhada para os escaparates dos que mais vendem. A fazer fé no que tenho visto recentemente, há editoras claramente apostadas em agarrar o mercado dos campeões de vendas. Assim parece ser o caso desta “Topseller”. Janet Evanovich é a autora. Confesso que não conhecia. Já da personagem tinha ouvido falar, e já me tinha cruzado com um filme baseado no seu primeiro policial desta série em que a heroína é Stephanie Plum, “One For The Money”. Este livro é já, pela ordem de publicação a vigésima obra desta série, pelo que, correndo o risco de apanhar o comboio a meio da viagem, resolvi ainda assim arriscar. E, o que parece, a maior parte das vezes é. Dizia a capa que Janet Evanovich é uma campeã de vendas a nível global, tendo já despachado para os escaparates qualquer coisa como 75 milhões de livros. É