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A mostrar mensagens de junho, 2013

A ULTIMA CRIADA DE SALAZAR de Miguel Carvalho (Oficina do Livro)

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“ Uma ditadura é um estado em que todos têm medo de cada um e cada um tem medo de todos” Alberto Moravia Desta vez foi diferente. A sugestão de leitura desta semana é especial. Primeiro porque é mais um livro de um querido Amigo. O Miguel Carvalho, como sabem os que vão acompanhando as minhas indicações de leitura, é um dos meus vícios literários. Seja nas obras que já publicou e das quais já por aqui se falou, quer seja na Revista Visão ou no blogue “A Devida Comédia”. E foi também diferente porque tive a honra e o privilégio de participar na apresentação pública do livro em Guimarães, no passado dia 21 no Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor, com a presença dos brilhantes Esser Jorge e Francisco Camacho que veio representar a editora. O Miguel é um escritor especial. Vê o que nos conta de uma forma particular. A escala da sua escrita é sempre a humana. Retrata a realidade, seja ela uma paisagem, um ambiente ou uma personagem de uma forma que é sempre norteada por um p

O ENREDO DA BOLSA E DA VIDA de Eduardo Mendoza (Sextante Editora)

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“A minha única diferença em relação a um homem louco é que eu não sou louco” Salvador Dalí Eduardo Mendoza, já aqui anteriormente sugerido a propósito de “A Cidade dos Prodígios” e “A Assombrosa Viagem de Pompónio Flato”, ganhou um estatuto especial dentro das minhas preferências dos últimos anos. É provavelmente o escritor com mais piada que tenho encontrado recentemente. A esse propósito reforço aqui também o convite para que não percam a realmente assombrosa viagem de Pompónio Flato que é um delírio de boa disposição. Neste “O Enredo da Bolsa e da Vida”, aparentemente (porque não li ainda os demais) Eduardo Mendoza retoma uma personagem absolutamente surreal, que é um investigador que tem uma história de vida incrível. Saído de um manicómio, o que por si só já é revelador do lado invulgar da trama mas sobretudo das personagens, o personagem principal, ao qual nunca se dá nome, vai atravessar uma história em que claramente é mais importante o caminho do que a meta. É absolu

MOBY DICK de Herman Melville

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“O degrau da escada não foi inventado para repousar, mas apenas para sustentar o pé o tempo necessário para que o homem coloque o outro pé um pouco mais alto.” Aldous Huxley Nestes dias de Verão adiado, apeteceu-me falar de um dos caminhos mais trilhados no processo que leva ao vício de ler. Os livros de aventuras. Há todo um processo de leitura na infância e adolescência, que a par de outras características que nos vão enformando enquanto pessoas, nos dita a sentença de nos tornarmos (ou não) no futuro, leitores mais ou menos habituais. O grau em que isso acontecerá, já depende de muitas outras coisas. O início desse transporte que os livros nos proporcionam para outras terras, outros tempos e outras gentes e realidades, começa, com as devidas excepções, com a introdução de personagens que se vão tornar para nós amigos e companheiros de toda a vida. Não há espaço suficiente para citar, mas Emilio Salgari, Robert Louis Stevenson, Jules Verne, Mark Twain, são dos nomes que ser

UM HOMEM DE PARTES de David Lodge (ASA)

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“O passado não tem a mínima importância. O presente não tem a mínima importância. É do futuro que nos devemos ocupar. Isto porque o passado é aquilo que os homens não deveriam ter sido. O presente é aquilo que os homens não deveriam ser. O futuro é aquilo que são os artistas.” Oscar Wilde Penso que com raras excepções, tenho sugerido toda a obra publicada de David Lodge entre nós. Gosto muito. Comecei por acaso, há já bastantes anos com a oferta por parte de um tio de “O Mundo é Pequeno”. O ambiente académico, meio no qual Lodge se move e descreve como ninguém, fez-me procurar tudo o resto. É dos autores que mais gosto e, valha a verdade que mais tento recomendar. Acresce que nos últimos tempos, apesar de muitas vezes atestar o contrário, tenho lido muitas obras do género biográfico. Biografias, auto biografias e, como é o caso desta, biografias romanceadas. Há quem defenda que todas o são de certa maneira. No caso deste livro, David Lodge, retoma um género que já tinha abord