Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2009

OS PALHAÇOS DE DEUS de Morris West

Imagem
“ Os olhos do leitor são juízes mais difíceis do que os ouvidos do espectador” Voltaire OS PALHAÇOS DE DEUS é um dos livros da chamada “trilogia Papal” de Morris West, juntamente com “As Sandálias do Pescador” e “Lazarus” (ou entre nós “O Milagre de Lázaro), trio de obras esse onde o autor nos confronta com a vida interna do Vaticano, e a problemática da religião. Um grande autor, dasaparecido em 1999, e que começa a sua carreira internacional com o “Filhos do Sol”, um romance sobre a vida das crianças de rua de Napoles, que aconselho fortemente. Talvez as obras mais conhecidas sejam as que passaram ao cinema, como “As Sandálias do Pescador” e “O Advogado do Diabo”, mas atrevo-me a sugerir qualquer obra deste autor, que faz parte dos meus favoritos. Tem obras absolutamente magnificas, e dentro da temática religiosa é dos escritores que melhor aborda o tema da vida eclesiástica. Este livro, “Os Palhaços de Deus” trata da viagem de um Papa num cenário pré-apocaliptico, e conduz-nos a um

Aos meus Amores……que são o meu futuro todos os dias.

Imagem
O futuro já foi… o peito da minha mãe, o olhar do meu pai, a minha irmã pequenina, o bibe da escola, a mochila, o saco de pano bordado para levar o pão com marmelada para a escola, a lousa e os livros, o recreio da escola, as férias de verão, o andar com os amigos, uma escola, outra escola, ainda outra escola, as prendas de Natal, a televisão a cores,a aparelhagem de musica, os discos de vinil, não ter horas para chegar a casa dos pais, estudar fora. Depois, sem nos darmos conta, o futuro estava nos olhos daquela menina, e depois os olhos de outra. O primeiro filho, todos os filhos. Durante essa época, passou a ser a casa, o trabalho, as férias do trabalho, outra casa, outro trabalho, as férias desse trabalho. A escola dos putos. De repente deixou de haver futuro, porque só havia presente. E muita gente a passar, a passar de futuro a passado sem nos darmos conta, até que voltou a haver futuro, onde já nem passado havia. E o futuro volta a ser um peito de mãe, um colo de pai, uma irmã p

EM PORTUGAL NÃO SE COME MAL de Miguel Esteves Cardoso (Assírio & Alvim)

Imagem
“Não importa quantos livros temos, importa o quão bons eles são” Séneca Para ser absolutamente claro desde o início, deixem-me começar por dizer que, para mim, o Miguel Esteves Cardoso é uma espécie de Deus das crónicas. Desde a “Causa das Coisas” que o acompanho, com maior ou menor assiduidade, até aos dias de hoje, onde, de facto com menor frequência vou lendo o que publica na revista GQ, mas valha a verdade, não é pelo facto de estar a escrever menos bem, é o tema que não me parece grande coisa. É algo como: “A história de Portugal atravez dos gajos”. Acho que o homem, manifestamente, dá para mais e melhor. Se bem que para quem escreve estes textos avulsos sobre o que os outros escrevem, como eu, se calhar é um bocado petulante este reparo. Mas enfim, quem não nos quer desiludir não nos habitua mal. Este livro reune as crónicas para o extinto suplemento DNA do Diário de Noticias e versa sobre o exacto tema que lhe dá o titulo, a gastronomia portuguesa. Há crónicas para todos os

O Simbolo Perdido de Dan Brown (Bertrand)

Imagem
“ Os livros podem ser divididos em dois grupos: aqueles do momento e aqueles de sempre. ” John Ruskin É o quinto livro de Dan Brown que leio, como toda a gente comecei pelo incontornável “Codigo Da Vinci”, recuperei a cronologia da obra ao ler aquele que de facto foi o seu primeiro romance, “Anjos e Demónios”, ao que se seguiram “A Conspiração” e “Fortaleza Digital”. Este “O Simbolo Perdido” não foge à fórmula de sucesso dos anteriores. O herói, o já bem conhecido e publicitado Robert Langdon, vai perseguir mais um criminoso em busca de uma verdade escondida. Neste livro, a caracterizaçao do universo maçónico, seus ritos e simbologia é bem descrita, e a fazer fé em alguns especialistas no fenómeno, bastante próxima da verdade factual. Há no entanto algumas diferenças entre este romance e os anteriores em termos de trama. Aqui, neste livro, se bem que se faz, como nos anteriores uma busca exaustiva do conhecimento disponível acerca de uma hipotética Palavra fundamental, não há inte

O Talentoso Mr. Ripley de patricia Highsmith

Imagem
“Uma das coisas maravilhosas de um livro, em contraste com um ecran de computador, é que o podemos levar para a cama connosco ” DANIEL J. BOORSTEIN O TALENTOSO MR. RIPLEY de PATRICIA HIGHSMITH Patricia Highsmith é a “mãe” dos thrillers psicológicos, introduz no romance, quase sempre no género policial/crime, várias componentes poucas vezes antes tentadas. Há certamente uma caracteristica que é altamente invulgar na escrita do género e que raramente se encontra em obras anteriores às desta magistral autora, o crime sem castigo. Cria também um ambiente onde as motivações para o crime absolutamente banais, o que é recorrente na sua obra, mas conseguimos reconhecer como possiveis os processos mentais das suas personagens-limite. Não é simplesmente a noção de anti-herói, ou de herói-vilão, é a caracterização do universo interior das personagens que ou é absolutamente desprovida de remorso e sentimentos sobre os crimes, que de uma forma ou outra cometem, ou contém um sentido que nos

A VERDADE de Edward Docx (Civilização)

Imagem
“Ler tornou D. Quixote num fidalgo, acreditar no que leu tornou-o louco” George Bernard Shaw (1856-1950) Escrevo estas linhas ainda na ressaca da leitura daquele que é, para mim certamente, o melhor livro que li nos ultimos anos. Corro o risco de o afirmar. É absolutamente grandioso. Ao titulo original Self Help(em Inglaterra) ou Pravda (Estados Unidos) , o editor em Portugal preferiu “A Verdade” (Pravda, em russo, como o famoso jornal soviético). E é um livro de verdade, sobre a verdade e a sua ausência. Começa a acção em Sampetersburgo, Russia, com a morte de Masha, a mãe dos gémeos Isabella e Gabriel Glover. As descrições de uma ex-Stalinegrad absolutamente atípica, as idiossincrasias dos seus habitantes, a crueza de uma cidade tantas vezes retratada como uma das mais belas do Mundo sente-se nestas páginas. A escrita de Edward Docx é um monumento à depuração das frases e palavas, é a antitese do romance fácil, é uma leitura que nos sobressalta e faz reflectir muitas vezes, os dile

A RAINHA E EU de Sue Towsend (Difel)

Imagem
“ Há pessoas que tem uma biblioteca como os eunucos um harém” Victor Hugo Sue Towsend é, como provavelmente saberão, a criadora do espantoso personagem Adrian Mole, que surge em “O Diário Secreto de Adrian Mole”, as confissões de um adolescente inglês dos anos 80, cuja vida podemos acompanhar até ao ultimo livro da série, publicado em 2008 “Os Diários Perdidos de Adrian Mole”. São livros de um humor absolutamente genial, absorvido das coisas mais pequenas do nosso quotidiano, como só um grande observador da realidade, e, neste caso, uma grande escritora conseguem retratar. A realidade politica e social inglesa dos últimos quase quarenta anos é retratada livro após livro, sempre com um olhar sobre realidades que conhecemos, mas com uma visão satírica e muito bem disposta, nesta série Adrian Mole. Destes permito-me salientar os títulos : “Adrian Mole na Idade do Capuccino” e “Adrian Mole e as Armas de Destruição Maciça”, este ultimo uma critica directa à intervenção inglesa no Iraque, s

MENOS QUE ZERO de Bret Easton Ellis (Edição de 1988 do Circulo de Leitores)

Imagem
“Tenho toda a simpatia pelo Americano, que ficou tão horrorizado pelo que tinha lido acerca dos malefícios do tabaco… que deixou de ler.” Henry G. Strauss Bret Easton Ellis é um autor difícil de catalogar, e a sua obra tem sido referida, como um dos expoentes da chamada X Generation, à qual também pertenço (os nascidos entre 1965 e meados dos anos 80), a par de, por exemplo, Jay McInernay. A sua obra descreve como poucas o verdadeiro universo da futilidade e da falta de sentido de vida de um certo estrato social. Há personagens que se repetem nos diversos livros, mas há uma certa dissonância entre a forma como o autor se descreve a si próprio, declarando-se moralista e o que a critica proclama, ao rotulá-lo como niilista. É um mundo cru e violento que nasce com o seu primeiro romance, este “Less than Zero”, titulo “emprestado” de uma canção de Elvis Costello. De destacar sobretudo que este livro é escrito por Bret Easton Ellis com apenas 19 anos de idade, o que surpreende, pelo catálog

O PINTOR DE BATALHAS de Arturo Pérez-Reverte (Edições Asa)

Imagem
“ Em certo tipo de escrita, particularmente na crítica de arte e na crítica literária, é normal depararmo-nos com longas passagens que são quase inteiramente desprovidas de sentido…” George Orwell (1903-1950) Este é, seguramente, o mais autobiográfico livro de Arturo Pérez-Reverte, o espanhol mais lido do mundo na actualidade, estando a sua obra traduzida em 29 línguas. É autor de uma vasta obra onde pontificam romances históricos e a sua mais famosa personagem é o Capitão Alatriste. Dos que li, comecei pelo “O Clube Dumas” que deu origem ao filme “A nona porta”, passando por “O Mestre de Esgrima”, “A Rainha do Sul”, “O Cemitério dos Barcos sem Nome” todos eles excelentes. O autor, ele próprio ex-reporter de guerra, neste “O Pintor de Batalhas” cria um universo perturbador, com memórias de cenários de tragédia, massacre e conflito. A personagem principal, André Faulques, retirada e doente, recria numa pintura mural todos os cenários de horror das guerras, numa tentativa de emprestar se

UM GLADIADOR SÓ MORRE UMA VEZ de Steven Saylor (Quetzal Editores)

Imagem
“ O livro é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados não se pode fazer melhor(...) Talvez as suas componentes evoluam, talvez as páginas deixem de ser de papel, mas continuará a ser o que é ” Umberto Eco Hoje, gostava de trazer a esta coluna, a colecção Roma Sub Rosa uma série de romances, na categoria de policial histórico, passada no final da Republica Romana, onde Gordiano o Descobridor, a personagem principal, é contemporanea de Sula, Cicero, Julio Cesar e Cleopatra, entre outros personagens históricos de relevo. Todas as aventuras se passam nas ultimas décadas da Republica Romana e vamos acompanhando o ruir da Republica, atravez dos seus mais importantes episódios politicos e militares, sempre com uma visão muito detalhada e próxima desses eventos. O mais interessante destes romances é uma perspectiva da Roma quotidiana, desde os aspectos mais simples da vida dos romanos, até à hierarquia politica e militar, os seus hábitos e costumes, a comida e a bebida

A LINHA NEGRA de Jean Christophe Grangé - (Edições ASA)

Imagem
“Um quarto sem livros é como um corpo sem alma .” Cicero (106 a.C – 43 a.C) Jean Christophe Grangé é, e mais uma vez aqui ressalvo, o caracter puramente individual da apreciação, o mais talentoso escritor europeu na categoria de Romance Policial/Thriller. Foi-me introduzido, já há alguns anos, por “Rios de Púrpura” de 1998, que veio a resultar num filme (Os Crimes dos Rios de Púrpura de 2000, com Jean Reno e Vicent Cassel, talvez os dois actores franceses mais “exportáveis da actualidade. Resta-me a este propósito, reafirmar que dificlimente um filme equivale ao livro, o que neste caso, mais uma vez assim é. Como muitas vezes acontece, vim a ler a sua primeira obra, “O voo das cegonhas” posteriormente, o que confirmou, na altura, o que pensava, um autor para acompanhar atentamente, o que vou tentando fazer. Penso ter lido todas as obras até agora traduzidas em português e que aconselho entusiásticamente. Acrescento pois, “Concilio em Pedra” e “O Império dos Lobos” às minhas sugestões

O Calígrafo - Edward Docx 2004 (Editora Civilização)

Imagem
“Considero a Televisão muito educativa. Sempre que alguém liga o aparelho, vou para o quarto ao lado e leio um livro.” Groucho Marx A história de Jasper Jackson, um quase trintão, com uma ocupação profissional pouco frequente, é um dos poucos calígrafos no Mundo que vive do seu trabalho e que faz da transcrição dos “Sonetos Eróticos” de John Donne por encomenda de um milionário americano. E é através dos “Sonetos” ,que pontuam a obra com o estado de espírito de Jasper e o crescendo da sua relação com Madeleine, que vamos sendo transportados para o interior de uma história de amor com diferentes níveis, com diálogos e situações de humor muito bem construídas. Uma espécie de história de “mentira e consequência”, com personagens muito bem construídas e absolutamente impagáveis, das quais destaco o par, pai/filho, Roy e Roy Júnior, que gerem uma mercearia “gourmet” no bairro de Jasper e que lhe prestam também outro tipo de serviços adicionais. Foi, provavelmente, o livro que mais apreciei

A Vida em Surdina - David Lodge

Imagem
“Os livros tem os mesmos inimigos das pessoas: fogo, humidade, os animais, o tempo e o seu conteúdo.” Paul Valery 1871-1945 Não me vou alongar em explicações sobre os objectivos desta crónica, parece-me que há pouca gente a falar de livros pelo prisma do simples prazer de ler. Apresentarei todas as semanas um livro que já tenha lido e uma pequena lista dos que estão em leitura, e se, conseguir despertar interesse num único eventual leitor, terei cumprido o meu papel. Assim, o livro desta primeira semana é: A Vida em Surdina de David Lodge, no original Deaf Sentence de 2008 de David Lodge, editado pelas Edições Asa este ano. Só para esclarecimento prévio, o autor, David Lodge, é um dos meus autores contemporâneos favoritos, e é editado pela Asa em Portugal, para mais informações, por favor “googlem” o nome (nunca vi a expressão “googlar” utilizada num texto em português, mas depois dos vários Acordos Ortográficos, não me atemoriza fazê-lo, é uma questão de tempo.) Quanto ao livro propr