A ESTRADA de Cormac McCarthy (Relógio D’Àgua)
“Pode misturar-se a Esperança e o Desespero até já não se distinguirem um do outro” André Chamson
Um livro absoluto. Poderoso. A estória, é a de um pai e um filho sós, num cenário surreal de um mundo pós apocaliptico. É uma viagem sem destino, produzida com força e violência por um autor cada vez mais conhecido e cuja obra é extraordináriamnte invulgar. Há quem veja em Cormac McCarthy um continuador de Faulkner, no entanto, e tentando manter o registo destas crónicas num patamar descontraído...não me parece. Cormac McCarthy tem um percurso singular na literatura, as obras publicadas em Portugal são: “Meridiano de Sangue”, “Este País não é para Velhos”, “O Filho de Deus”, “O Guarda do Pomar” e, possivelmente o mais autobiográfico “Suttree”. McCarthy escolhe recorrentemente temas que possibilitam a exploração da culpa/crime e responsabilidade/castigo, as suas personagens são muitas vezes exemplos de ambiguidade moral, e a banalização da violência também é um factor recorrente. Continuando n’ “A Estrada”, vemos um Mundo de completa devastação, onde deambulam sobreviventes de uma catástrofe nunca explicada e com um único fim, sobreviver. É um exemplo acabado de uma escrita depurada, sem artificios, que narra um universo frio, violento, extremo e simultanea e surpreendentemente comovente. É uma jornada ao pior e ao melhor de nós, com uma visão distinta e muito concreta por parte do autor ao que podemos encontrar quando já não se procura nada. Um livro impressionante, atípico, de um autor que vem reinventando desda há décadas a forma de escrever na América. Espero sinceramente que gostem tanto como eu. Boas Leituras!
PARA A SEMANA: O GNOMO de J.R.R. TOLKIEN (Livraria Civilização - Ed. 1962)
NA MESINHA DE CABECEIRA:
Continuam:
NO CORAÇÃO DE ÁFRICA de William Boyd (Casa das Letras)
INÉDITOS de Antoine de Saint Exupéry (Casa das Letras)
BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA de Pablo de Jevenois (Esquilo)
O MONTE DOS VENDAVAIS de Emily Bronte
CRÓNICA DO PÁSSARO DE CORDA de Haruki Murakami (Casa das Letras)
OS ANAGRAMAS DE VARSÓVIA de Richard Zimmler
Comentários
Despojado de tudo!Só resta a humanidade em toda a sau dimensão!
Abraço
Obrigada pela sugestão!
Um abraço!