O ADEUS ÀS ARMAS de Ernest Hemingway
“Para se pôr fim a uma guerra, como a um amor, é preciso ver-se de perto” Napoleão Bonaparte
A minha primeira leitura de Hemingway, não resultou numa experiência particularmente gratificante. Penso que tera sido aí, há largos anos, que pela primeira vez pensei que nem tudo que os bons escrevem esta ao mesmo nível. Ora eu, comecei por uma obra que não é especialmente aliciante, pelo menos para iníciar a obra deste magistral escritor. Falo de “As Verdes Colinas de Africa”, que é um relato de uma das expedições de caça no Quénia que Hemingway empreendeu. Haverá quem defenda, que é neste registo de quase diário que se revela o melhor do autor. Poderá ser. Mas não é um livro que aconselhe para quem queira ficar apaixonado pela obra de Hemingway. Ernest Hemingway, é ele próprio uma personagem “maior que a vida”, a sua própria história de vida pessoal é aventurosa e transcendente face ao quotidiano dos demais. O que, se pensarmos bem, também se passa com outros grandes escritores, cujas próprias vidas por vezes passam a fronteira daquele que é o real que vivemos. Mais não seja, por exemplo Cervantes de quem falamos na sugestão anterior. Este livro que se sugere esta semana, é no entanto uma obra que revela toda a superioridade da escrita de Hemingway. O seu registo despojado, crú, entre a literatura, a crónica de viagem e o jornalismo de guerra que se sente neste fabuloso “O Adeus às Armas”. Baseado na experiência vivida pelo próprio Hemingway enquanto condutor de ambulâncias da Cruz Vermelha na Primeira Guerra Mundial e o romance que manteve com Agnes von Kurowski, enfermeira. Aqui, Frederic Henry e Catherine Barkley são os alter ego do real. É um romance de uma intensidade fora do comum. Creio cada vez mais que só os grandes escritores conseguem tornar o banal extraordinário e também reduzir o extraordinário à banalidade. Este é um livro que jamais se esquece, é uma viagem a um tempo de guerra e de amor, de esperança e desespero. E tem um final que nunca mais acaba em nós. Um portentoso retrato da vida e da morte. E uma história de amor em tempo de guerra que, podendo sê-lo, é tudo menos banal. Um livro de sempre. Imprescíndivel!Boas Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
A Casa Verde de Mario Vargas Llosa (Dom Quixote)
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