O PERFUME de Patrick Suskind (Editorial Presença)
"Quem possui talento
torna-se vítima dele e vive no vampirismo desse talento” FRIEDRICH NIETZSCHE
Prossigo esta semana
na minha senda de recomendar leituras de há muitos anos. Uma espécie de RTP
Memória em formato literário. Uma por outra vez lembro-me de livros dos quais
gostei particularmente. Há que dizê-lo que também me vem suficientes vezes à
ideia leituras das quais não gostei absolutamente e, mais ou menos em igual
número, livros que não consegui terminar. Destes últimos não se fala aqui como
é óbvio, a não ser que algo de surpreendente se tenha passado e, por exemplo
venha a terminar uma leitura inacabada. Seria, de qualquer forma, caso raro.
Bem, adiante, que para introdução esta já vai longa. Correndo o risco de estar
a sugerir um livro que toda a gente já leu, faço-o de qualquer maneira. Pode
servir para lembrar para oferecer ou, para quem gosta, para uma releitura. O
Perfume é um dos mais extraordinários romances que me foi dado ler. Não sei já
quando, a obra é de 1985, mas não deve ter tardado muito mais do que isso.
Foi-me, como a esmagadora maioria do que leio recomendado por um amigo, que
tambem ele estava estarrecido com a respectiva leitura. A história é
absolutamente fascinante, as personagens excepcionalmente conseguidas, com
expoente máximo em Jean-Baptiste Grenouille, o assassino. A trama,
excepcionalmente bem concebida coloca no palco central da acção uma personagem
que vem ao mundo no meio dos mais intensos odores e cheiros com duas características
absolutamente ímpares e que dirigem toda a história até ao seu desenlace
absolutamente apoteótico: Grenouille não tem cheiro corporal, nenhum. A par
disso tem uma capacidade olfactiva absolutamente anormal, que o vai tornar num
perfumista fabuloso. A sucessão de episódios que evoluem à volta de cheiros
mais ou menos fétidos e perfumes mais ou menos divinais, redunda numa obsessão
assassina em busca do odor essencial, obtido a prtir de um processo de
destilação dos suores das vítimas. As viagens e os crimes de Grenouille compõe
uma obra absolutamente magistral no seu surrealismo. É e há de ser um livro de
sempre, com uma história base interessantíssima, contada num estilo e num ritmo
poderosos. Posso acrescentar que as obras que li posteriormente do mesmo autor,
não conseguiram, infelizmente despertar o mesmo tipo de entusiasmo. Este no
entanto é de ler, comprar para oferecer ou mesmo reler. Boas Leituras!
Na
Mesinha De Cabeceira:
A Casa Verde de Mario Vargas Llosa (Dom Quixote)
Suite Francesa de Irene Nemirovsky (Dom Quixote)
O Cemitério de Praga de Umberto Eco (Gradiva)
No Coração Desta Terra de J.M. Coetzee (Dom Quixote)
Comentários
De J.M. Coetzee tenho na cabeceira o livro "Desgraça". Penso que ja deve ter pó, pois faz meses que está la :)
Boa leitura