A Contadora de Filmes de Hernán Rivera Letelier (Editorial Presença)
"Num
filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a
imaginação” Charles Chaplin
Este livro é um caso a
merecer algum relevo nesta coluna. É um livro pequeno, uma espécie de conto
alargado. Mas é muito bom. Como na maior parte dos bons livros, há uma boa
história (ou várias) ou pelo menos uma boa ideia. Este é bom em ambos os
aspetos. É um conceito simples que trás
consigo uma história aparentemente singela, mas que se transforma num
muito bom livro, por arte da escrita de H.R. Letelier, a quem não conhecia, mas
a que vou ficar particularmente atento a partir de agora. Uma pequena
comunidade mineira Chilena descrita nas suas mais pequenas particularidades. Um
retrato da vida dos menos afortunados e daquilo que podem à respetiva escala de
pobreza serem considerados os seus pequenos luxos. Uma história bem contada
sobre os contadores de histórias eles próprios. Tenho aqui dito mais de uma vez
que há uma parte assinalável dos grandes romancistas por que tenho admiração
que são antes de mais nada excelentes contadores de histórias. Este é mais um
caso a juntar a essa conta que venho somando em muitas horas de leitura. Há
algo na escrita de Hernan R. Letelier que remete para algumas características
tipicamente sul-americanas na forma de escrever. Não é exactamente realismo
mágico, mas há uma certa musicalidade e um determinado ritmo que anunciam esse
continente. Ainda por cima foi um daqueles casos de completo acaso. Não foi um
livro que me tivesse sido recomendado ou de que tivesse conhecimento
antecipado, nem do livro nem do autor. E são muito mais as vezes em que o
resultado não é do meu inteiro agrado do que estes em que a surpresa o é
efetivamente. Assim, acompanhemos a maravilhosa história de Maria Margarita
(rebatizada como Hada Delcine, tal como no cinema) e de todos que a rodeiam.
Vale realmente a pena. E sabe a pouco, nitidamente a pedir mais leituras deste
autor que entra para a lista das minhas buscas noutras estantes. Boa semana e ….
Boas Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Guimarães no Século XX Vol. II de Raul Rocha (Povo de
Guimarães)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
O Escrivão Público de Tahar Ben Jelloun (Cavalo de Ferro)
Uma Mentira Mil Vezes Repetida de Manuel Jorge Marmelo
(Quetzal)
O Homem
Que Gostava de Cães de Leonardo Padura (Porto Editora)
O Ano do
Dilúvio de Margaret Atwood (Bertrand)
Comentários