Nada a Temer de Julian Barnes (Quetzal)
"Talvez a morte tenha mais segredos para
nos revelar que a vida” Gustave Flaubert
Há na vida, e consequentemente nas leituras, uma dose
grande de coincidências. O facto de Julian Barnes ter ganho o Man Booker Prize
de 2011 era-me completamente estranho até, de uma forma mais ou menos
concentrada me ter deparado com o seu nome de múltiplas formas num espaço de
tempo relativamente curto. A primeira, e que não é a que menos me impressionou
foi uma entrada no blogue “Tempo Contado” do Mestre J. Rentes de Carvalho
relativamente ao livro “A Sense of an Ending” de Barnes e onde manifesta uma
grande surpresa relativamente aos seus (do livro) méritos. Não deixa Rentes de
Carvalho, no entanto, de referir que o “Papagaio de Flaubert” é um grande
livro, o que fez que esse título integrasse de imediato a minha lista de
compras. A respeito dessa lista virtual, penso publicá-la numa das próximas
edições, numa tentativa descarada de me fazer a eventuais presentes de amigos. J Voltando ao assunto, e ao caminho que me trouxe até este
livro, melhor dizendo, que o trouxe até mim. Foi uma prenda de Natal que por
motivos da minha ausência nessa quadra só me foi entregue na Passagem de Ano,
pelo meu compadre e já aqui referido autor Ricardo Alexandre. Foi assim, com o
“apadrinhamento” duplo da referência de J. Rentes de Carvalho e do Ricardo
Alexandre, um por via de crónica outro por vias de facto, que o livro aterrou
lá em casa. Ora como tenho repetido nestas ultimas edições da “Estante”, o tempo
para leituras está razoavelmente escasso pelo que, não “julgando o livro pela
capa”, tudo o que tenha mais de 300 páginas está profilaticamente a ser
procrastinado para dias melhores, ou pelo menos com mais horas úteis. Assim,
julgando o livro pela lombada, foi neste que mergulhei. Não sei bem se o
registo habitual de Barnes é sempre este, reservo melhor opinião para segundas
e/ou terceira leituras da obra deste autor. Este pareceu-me claramente
autobiográfico em muito do que li, apesar de não ter conseguido confirmar o
facto, o registo é muito esse. É uma reflexão à luz de tudo o que sabemos (o
que o autor sabe, pelo menos) sobre a temática da morte. É uma viagem ao fim,
onde nos acompanham, os amigos, a família e de entre esta sobretudo o irmão
mais velho, filósofo racionalista. Viajamos entre tudo aquilo que a morte
encerra e promete ao não a crentes e não crentes. Uma visão particular sobre a última
viagem, que, no final remete apenas para o que cada um de nós consegue
adivinhar a respeito disso. Não impõe credo, direção ou metodologia,
simplesmente nos faz pensar. O que, se pararmos um pouco, é o que de melhor um
livro nos pode fazer. É de ler, claramente sem nada a temer. Boa semana e …. Boas
Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Guimarães no Século XX Vol. II de Raul Rocha (Povo de
Guimarães)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
O Escrivão Público de Tahar Ben Jelloun (Cavalo de Ferro)
Uma Mentira Mil Vezes Repetida de Manuel Jorge Marmelo
(Quetzal)
O Homem
Que Gostava de Cães de Leonardo Padura (Porto Editora)
O Ano do
Dilúvio de Margaret Atwood (Bertrand)
A
Contadora de Filmes de Hernán Rivera Letelier (Editorial Presença)
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