KYOTO de Yasunary Kawabata (D. Quixote)


“A beleza é a harmonia entre o acaso e o bem” Simone Weil


Quem andar minimamente atento às linhas finais desta crónica não ficará surpreso com esta sugestão. Este livro estava em “lista de espera” há largos meses. Não por nada de especial, simplesmente foram entrando para a “Mesinha de Cabeceira” artigos dos quais estava mais à espera. E a verdade é que foi bom aguardar. A literatura oriental, tem sido de facto um dos territórios inexplorados nas minhas incursões de leitura. Salvaguardando Haruki Murakami, de quem já por aqui tenho falado mais do que uma vez, e que foi a determinada altura uma pequena obsessão temporária, pouco mais me resta. Yasunary Kawabata nada mais significava para mim do que um nome na já longa lista de laureados com o Premio Nobel da Literatura, mais precisamente em 1968. Ora, o que também faz algum sentido dizer aqui uma vez mais,é o facto de que não é a quantidade de prémios, artigos, criticas ou polémicas que me levam a ler este ou aquele autor. Felizmente conto entre os meus amigos alguns leitores tão ou mais “furiosos” do que eu, o que para além de me facilitar imenso a tarefa, ainda me arranja belíssimas leituras em “segunda mão”. E foi assim mais uma vez que este exemplar me caiu no colo. É sempre complicado rotular uma leitura que foge um pouco ao registo que me é mais habitual (ou, se calhar é mesmo um registo que tem a ver com a orientalidade e a época). Este livro é uma obra de uma beleza extraordinária. Entra num universo de difícil penetração que é o da psique feminina, mas fá-lo com uma leveza e uma graça absolutas. Toda a construção é de uma subtileza e de uma sensibilidade que nos leva de imediato para o universo que é descrito e no qual mergulhamos pouco a pouco até ficarmos completamente submersos nesse ambiente. Há um fator que nem sempre tenho referido mas que é, talvez, uma das características que marca (para o bem e para o mal) a forma como se conta uma história: o ritmo. Neste o tempo parece quase mover-se à medida da história, acompanhado pelas magnificas descrições dos ambientes naturais de Kyoto (também ela protagonista quase principal da história), dos usos e costumes e ritos que o Japão do pós-guerra ainda vai conseguindo manter. Da história propriamente dita, mais uma vez escondo o jogo, vão ter de ler para saber. E acho que é mesmo a melhor forma de terminar esta sugestão é essa: ler mais para saber mais. Este é mais um livro e um autor que acrescentam. Aproveitem. Boa Semana e… Melhores Leituras! J
Na Mesinha De Cabeceira:
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)

Comentários

Bípede Falante disse…
quantas novidades aqui :)
a gente fica um tempo meio parada e perde tanto.
beijos :)

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