O ALB´OON de Miguel Salazar (Edição Guimarães 2012 Cidade Europeia do Desporto)
“A caricatura é mais forte que as
restrições e que as proibições. É imortal porque é uma das facetas daquele
diamante que se chama verdade” Eça de Queiróz
De vez em quando, para minha grande felicidade, vou tendo amigos que
publicam as respectivas obras. Nesta o Miguel Salazar, um distinto Vimaranense,
tal como eu da safra dos anos sessenta, publica uma retrospectiva da sua obra
enquanto observador da sociedade e mais particularmente do fenómeno desportivo.
Não disponho aqui de espaço para tratar convenientemente o tema da caricatura
com a relevância que merece, mas há que saber pelo menos dar-lhe o lugar de
destaque que tem mantido ao longo dos tempos dentro daquilo que é a crítica de
sociedade. O Miguel é um mestre nesta arte. Pratica-a desde os dezasseis anos e
tem um currículo vasto nesta área. Basta dizer que não cabe aqui. Os livros,
para quem deles gosta como eu, não são apenas literatura, são sobretudo a sua
própria mensagem. E este, que é o catálogo da exposição com o mesmo nome que
estará aberta ao público até 28 de Julho deste ano, é um daqueles objectos que
nos sentimos orgulhosos de possuir. E tem muitas mensagens, acreditem. Numa
viagem dividida ao longo de doze Capítulos, começando com os Primeiro Trabalhos
do Miguel, passamos por várias figuras de Guimarães: os “Vimaranenses
Ilustres”, “Glórias Desportivas Vimaranenses”, muitas figuras do Futebol, do
Vitória Sport Clube e do Desporto em geral e muito para além disso, a pena
afiada do Miguel Salazar retrata, também abundantemente, situações da vida
social e desportiva da cidade pelo lado do humor. Dizem que o cartoon ao realçar os defeitos, nos dá
uma melhor visão da verdade. Se é exactamente assim, não o posso afiançar. Mas
que nos lança uma luz diferente sobre gentes e episódios, disso não posso
duvidar. E é isso que o Miguel tem feito, tem-nos ajudado a ver o lado cómico
(por vezes pelo lado da tragédia) de momentos e pessoas que tem ajudado a
enformar aquilo que de facto é Guimarães. Perdoar-me-ão um certo bairrismo. Sei
que nós Vimaranenses, somos caracterizados também por esse “excesso de
identidade” que tão bem serve a visão de pormenor de alguém como o Miguel
Salazar. Mas sei também, que é uma obra que qualquer verdadeiro Vimaranense
deve ter na sua estante. E, estou tão certo disso, como da partilha que sei que
tenho com o Miguel no amor a estas gentes, a esta Cidade, e às suas
Instituições. Aconselho vivamente, o Livro e a Exposição! E continuarei a acompanhar
de perto o que o Miguel tão generosamente nos vai ainda oferecer. Boa Semana e
Boas Leituras!!!
Na Mesinha De Cabeceira:
ATÉ AO FIM 1944-1945 de Ian Kershaw (D. Quixote)
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
A FABULA de William Faulkner (Casa das Letras)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas
Pynchon (Bertrand)
A DIVINA COMÉDIA de Dante Alighieri (Quetzal)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
UM HOMEM DE PARTES de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)
AGOSTO de Rubem Fonseca (Sextante Editora)
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