O LIVREIRO de Mark Pryor (Clube do Autor)
“O livro é um animal vivo”
Aristóteles
Prosseguindo nestas ultimas semanas num ritmo apreciável de leituras muito
variadas, sugiro esta semana uma “refeição mais leve”. Este O Livreiro, é uma
das escolhas que faço por vezes guiadas apenas pelo aspecto da capa e pela
possibilidade de uma boa história. Venho a saber pelo próprio livro que se
trata de um primeiro romance deste autor. E, há que o dizer, cumpre
exemplarmente a tarefa a que se propõe. Entreter. O argumento, que é bastante
cinematográfico, é bastante interessante, e comporta no seu essencial algo que
sempre me fez inclinar para algumas obras. A peça central da trama é um livro.
Neste caso serão até vários, mas o ambiente, sempre próximo aos bouquinistes que, em Paris nas margens
do Sena, fazem esse interessantíssimo comércio livreiro, é bastante
interessante, e se se pode pensar, revela também a faceta de bibliófilo do
próprio autor. Não é certamente a obra que nos vai mudar a vida, mas é bem
pensado, bem escrito, com o ritmo certo para nos fazer querer saber o que se
passa a seguir, e tem um registo de policial que como se sabe é uma das minhas
perdições na leitura. É o tipo de livro que, apesar de já por várias vezes me
ter aqui debruçado sobre o quão equivoco pode ser o rótulo de “literatura de
aeroporto”, que se presta a levar em viagem ou para umas horas de descontracção
bem passadas. Tal como no resto da vida, se fizermos sempre refeições pesadas,
tornamo-nos também pesados, por isso, e é a minha opinião apenas, se não
intercalarmos os grandes festins literários com algo de mais ligeiro, corremos
algum risco de enfartamento, e, sobretudo, de nos tornarmos estanques a muita
coisa interessante que se vai fazendo. Repito, é um muito bom livro dentro
desse registo mais linear, e de que muitas vezes tenho absoluta necessidade. É
uma estreia competente e muito agradável de ler. Como em outros casos, quem
conta bem uma história, fica automaticamente debaixo de alguma atenção, é o
caso de Mark Pryor, a quem irei ficar atento de futuro. Boa Semana e Boas Leituras!!!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas
Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
A RAPOSA AZUL de Sjón (Cavalo de Ferro)
O HERÓI DISCRETO de Mário Vargas Llosa (Quetzal)
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