O PALÁCIO DA MEIA-NOITE de Carlos Ruiz Zafón (Planeta)
“Fazer troça da
Filosofia, é, na verdade, filosofar” Pascal
Há na escrita de Carlos Ruiz Zafón uma dimensão mágica, uma realidade
alternativa que faz com que busquemos dentro de nós a fantasia que nos deixa
entrever nos seus enredos e tramas. Este livro “O Palácio da Meia-Noite, de
1994, é o seu segundo romance e é, nas suas próprias palavras em nota de autor
nesta edição da Planeta, um dos seus romances “juvenis”. Não sei se o rótulo é
correto. Nem, com grande franqueza, tem isso grande interesse. O que a mim,
salvo melhor opinião me faz correr atras de um livro ou de um autor não e a
classificação (e na maior parte das vezes alguma critica especializada também),
é sobretudo a continuidade. Mantenho, como a grande parte dos leitores, uma
curiosidade grande em conhecer o máximo da obra dos escritores que por este ou
aquele motivo me agradam. O percurso do leitor é normalmente o inverso daquele
percorrido pelos autores, já que, na maior parte dos casos se começa pela obra
que os tornou famosos e conhecidos, e, se o interesse se mantiver (e houver
outras, bem entendido), se tenta regressar ao princípio da obra completa. Assim
foi comigo neste caso, primeiro “A Sombra do Vento”, e depois tudo o resto a
que consegui deitar mão. Este segundo romance, tal como “O Príncipe da
Neblina”, desenha uma história com contornos sobrenaturais, e se no caso d´”O Príncipe”
a narrativa assume mesmo o seu caracter fantástico e negro (uma espécie de
conto em registo Stephen King) este de que hoje se fala é mesmo mais uma
excelente história de aventuras. E das boas. Estou em crer que poderá ficar
como uma belíssima referência para sedimentar o gosto pela leitura. É de facto
uma história que parece destinada a um publico mais jovem (os protagonistas tem
todos dezasseis anos), mas na minha experiencia, os romances, sejam eles mais
ou menos evidentes na direção ou faixa etária que apontam em principio, ou são
bons ou não. Este é. Passa-se nos anos 30 do Séc. XX em Calcutá e, com o defeito
(eu que não gosto de ter ideias pré concebidas em relação ao que me proponho
ler) de se saber uma das suas primeiras obras, conta bem a história, cria boas
personagens, e tal como em obras futura Barcelona é ela própria uma personagem,
também aqui a cidade se torna um ente vivo que respira e se debate perante o
leitor. Não consigo ser imparcial, gosto da forma, do estilo, do ritmo, mas
sobretudo da atmosfera que Zafón empresta ao que escreve. É mágico, se mais não
fosse pelo facto de me ter desde há muito enfeitiçado. Aproveitem. Boa Semana e
Boas Leituras!!!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas
Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
A RAPOSA AZUL de Sjón (Cavalo de Ferro)
UNHA COM CARNE de Leonard Elmore (Teorema)
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