A ILHA DO TESOURO de Robert Louis Stevenson (Clube do Autor)
“As esplêndidas fortunas – como os ventos impetuosos –provocam grandes
naufrágios.” Plutarco
Não conheço nenhum grande leitor que não
revisite as suas obras de eleição de vez em quando. A releitura oferece-nos
muitas vezes prazeres e surpresas agradáveis. Há no entanto que dizer que nem
sempre o regresso a um livro onde se foi feliz resulta. Tenho para exemplo
disso o “Cem Anos de Solidão”, que, na altura em que o li pela primeira vez
passou de imediato a ser considerado como um daqueles poucos livros que muda a
nossa perspetiva das coisas e da vida. Sobretudo da escrita. A verdade é que já
tentei várias vezes relê-lo e não consigo. O porquê também não sei explicar, o
certo é que talvez por receio de lá não voltar a encontrar o sentimento
original, também não faço esforço em fazê-lo. Há abundantes opiniões sobre as
releituras, desde defensores acérrimos e mesmo os que dizem que nenhum livro se
revela na plenitude numa primeira vez, como quem defenda precisamente o
contrário. Eu, na minha condição de dependente de leitura, não tomo partido.
Simplesmente regresso a um livro quando a vontade me vem. Foi o que aconteceu com
este livro, glória da minha adolescência e um dos primeiros a transformar a
leitura num hábito que faz, felizmente, parte inegociável do meu modo de viver.
A extraordinária aventura de Jim Hawkins e dos seus companheiros rumo à fortuna
continua a ser um magnífico romance, onde para além de Jim, pontifica uma das
mais notáveis personagens de toda a literatura, o improvável cozinheiro Long
John Silver, que veio a tornar-se no cliché do pirata, afirmando mais uma vez a
criação literária como uma das mais ricas fontes de um imaginário que perdura
até hoje . Do autor, Robert Louis Stevenson, autor entre outros, de sucessos
como “O Médico e o Monstro”, com também duas figuras emblemáticas do panorama
literário os incontornáveis Dr. Jekyll e o Mr. Hide, apenas podemos lamentar a
morte prematura, pois de certeza muito mais nos teria a dar, apesar de mais de
um século nos separar das suas geniais criações. Uma leitura que recomendo a
todos que gostam de ler. Um livro intemporal e com aquela marca distintiva de
não nos deixar para de ler. Mesmo que o já tenhamos lido. Não sei o que se pode
dizer de melhor. E não é um livro juvenil. Aliás essa é uma classificação que
poucas vezes é real, porque os grandes livros e as grandes histórias são de
sempre, para sempre e para todos.
Boa Semana e Boas Leituras !!!
Na Mesinha De Cabeceira:
ILHAS NA CORRENTE de Hemingway (Ed. Livros do Brasil)
A CASA NEGRA de Peter May (Marcador)
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier (Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
A RAPOSA AZUL de Sjon (Cavalo de Ferro)
À MESA COM KAFKA de Mark Crick (Casa das Letras)
LISBOA (A cidade vista de fora 1933-1974) de Neil Lochery (Editorial
Presença)
FUGAS de Alice Munro (Relógio D´Àgua)
DANUBIO de Claudio Magris (Quetzal)
OS ANEIS DE SATURNO de W.G.Sebald (Quetzal)
ADMIRAVEL MUNDO NOVO de Aldous Huxley (Antigona)
OS VELHOS DIABOS de Kingley Amis (Quetzal)
TELEFÉRICO DA PENHA (IMAGINÁRIO E REALIDADE) de Esser Jorge Silva (Edições
Húmus)
LIBRA de Don DeLillo (Sextante Editora)
CRÓNICAS DO AUTOCARRO de Manuel Jorge Marmelo (Ed. Autor by Oporto Lobers)
RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster (ASA)
AMSTERDÃO de Ian McEwan (Gradiva)
ALFABETOS de Claudio Magris (Quetzal)
PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS de Afonso Cruz (Alfaguara)
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