FESTA NO COVIL de Juan Pablo Villalobos (Ahab)


“Corremos alegres para o precipício, quando pomos pela frente algo que nos impeça de o ver ” Pascal

Há já algum tempo que não publico regularmente as minhas sugestões de leitura. Não é que tenha deixado de ler. Não o conseguiria fazer. Apenas se introduziu na minha rotina um tipo de compromisso que é muito mais exigente para mim do que de início fazia prever. Estou a escrever e a investigar sobre uma tradição Vimaranense com mais de três séculos, e esse trabalho tira-me por vezes a motivação para aqui voltar com a frequência desejada. Ainda assim, se as minhas pobres indicações de leitura tem sofrido com isso, a minha frequência de leitura nem tanto. Terei que, com algum esforço refazer aqui a lista do que tenho lido ultimamente, e que penso merece a vossa atenção. É o caso deste “Festa no Covil”, romance de estreia de Juan Pablo Villalobos, escritor mexicano, que já li ser parte de uma suposta corrente chamada de “narco literatura”. Sou geralmente avesso a rótulos e a classificações que condicionem a liberdade de apreciação. No entanto, o tema desta obra acaba por se colar de alguma forma a esse putativo rótulo. Foi já lido há algum tempo este livro. Comprado numa Feira do Livro Independente, muito meritória iniciativa levada a cabo nos Banhos Velhos das Caldas das Taipas, justificou plenamente a sugestão que na altura me deu o Duarte Pereira. A história é a de um menino, que filho de um traficante de droga e rodeado por uma violência extrema e quotidiana, se refugia numa imaginação prodigiosa e na possibilidade que o dinheiro do pai lhe dá de se lhe serem satisfeitos todos os caprichos. É uma fábula moderna, assente numa personagem única Tochtli, o menino, que entre coleções de chapéus exóticos e um jardim zoológico privado, dá mostras de uma inteligência absolutamente fora do comum. É dentro da efabulação magistral da personagem principal e do seu mundo recriado e a crueza de uma realidade à qual este se recusa a pertencer que se constrói uma belíssima história com tanto de brilho como de dor. Gostei muito.
Boa Semana e Boas Leituras !!!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier (Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE  de Thomas Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
A RAPOSA AZUL de Sjon (Cavalo de Ferro)
À MESA COM KAFKA de Mark Crick (Casa das Letras)
LISBOA (A cidade vista de fora 1933-1974) de Neil Lochery (Editorial Presença)
FUGAS de Alice Munro (Relógio D´Àgua)
DANUBIO de Claudio Magris (Quetzal)
OS ANEIS DE SATURNO de W.G.Sebald (Quetzal)
ADMIRAVEL MUNDO NOVO de Aldous Huxley (Antigona)
OS VELHOS DIABOS de Kingley Amis (Quetzal)
TELEFÉRICO DA PENHA (IMAGINÁRIO E REALIDADE) de Esser Jorge Silva (Edições Húmus)
LIBRA de Don DeLillo (Sextante Editora)
CRÓNICAS DO AUTOCARRO de Manuel Jorge Marmelo (Ed. Autor by Oporto Lobers)
RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster (ASA)
AMSTERDÃO de Ian McEwan (Gradiva)
ALFABETOS de Claudio Magris (Quetzal)
PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS de Afonso Cruz (Alfaguara)


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