O ASSÉDIO de Arturo Perez Reverte (Asa)

“Homem livre, tu sempre gostarás do mar” CHARLES BAUDELAIRE

Já há meses, quase há um ano, que tinha visto este livro, no espanhol original à venda em Espanha. Por algumas razões que aqui não cabem, não gosto de ler em espanhol, o que me obrigou a estes longos e penosos meses a aguardar a respectiva tradução lusa. Fiz como faço com quase todos os novos livros dos meus autores preferidos, o sacrificio de me manter na ignorância do tema da obra. E que espectacular surpresa me foi reservada. Por razões que nada tem que ver com a literatura e menos com o meu amor pelos livros, a Baía de Cádiz, e a zona de Jerez, é um sitio que visito com a frequência que me é possivel. Daí que tenha tido para além das magnificas descrições que Arturo Perez-Reverte faz, a possibilidade de fazer passar diante dos meus olhos o cenário real deste “Assédio”. É um romance histórico de um brilho excepcional, versa do cerco dos exercitos napoleónicos a Cádiz, que, inexpugnável por via terrestre, é bombardeada a partir do outro lado da baía. Há muitas estórias que se entrecruzam com um pano de fundo que nos conta, num detalhe e rigor impressionante a vida de sitiados e sitiadores. Tem o elemento policial presente na investigação de crimes perpetrados sobre jovens mulheres por um assassino em série, que pontua esta obra que nos pinta um fresco absolutamente maravilhoso da vida à época. Está aqui tudo, os movimentos liberais das Cortes de Cádiz, toda a situação geo politica das colónias espanholas da América Latina, a própria situação politico-militar da Peninsula, com todos os protagonistas de facto desse momento histórico determinante na vida da Europa que foi a expansão do império Napoleónico. Mas se a História é o pano de fundo, são as histórias de um muito bem desenhado e caracterizado grupo de personagens que nos cativam para ler, de forma compulsiva este grande romance. Tenho, não raras vezes, a oportunidade de recomendar um livro único. Esta é, para meu grande prazer, uma dessas oportunidades. Não exagero, apesar de quase todos os livros de muita e excelente qualidade de Arturo Perez-Reverte, se disser, que de todos, foi este o que provavelmente até hoje mais gostei. A todos os que gostam de romances históricos, com um enquadramento policial e uma trama absolutamente genial, não só aconselho entusiásticamente como, acho uma perda enorme, passar ao lado. Já tinha saudades de um livro assim. É um livro especial, onde encontramos todo o Perez-Reverte das aventuras de capa e espada, transportadas para um cenário muito particular, onde se cruzam episódios de guerra,onde a morte vem por terra, pelo mar e pelo ar, num tabuleiro de jogo entre espanhóis, ingleses e franceses e entre o Bem e Mal num outro jogo de morte que se lhe entrecruza. Portentoso! Boas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:

A Conspiração Contra a América de Philip Roth (Dom Quixote)

A Casa Verde de Mario Vargas Llosa (Dom Quixote)

Suite Francesa de Irene Nemirovsky (Dom Quixote)

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