QUANDO NIETZSCHE CHOROU de Irvin D. Yalom (Saída de Emergência)


"A angústia é a disposição fundamental que nos coloca perante o nada” HAIDEGGER
Nesta coluna tenho conseguido (na maior parte das vezes), falar de livros que acabei de ler ou que li muito recentemente. Acontece por vezes que por motivos de força maior não me é possível ler um livro novo por semana. Sendo que também acontece o contrário e há semanas em que leio mais do que um. Esta estranha introdução serve para me justificar de, por vezes, entre a leitura que fiz e a respectiva sugestão decorrer algum tempo. É o caso deste livro, que, foi lido já há mais de um ano mas que por um ou outro motivo nunca aqui sugeri. E tenho pena de não o ter feito antes. Vale a pena. É uma muito inteligente abordagem, com pouca liberdade histórica, sobre grandes mitos do pensamento do final do século XIX e principio do século XX, mais concretamente da filosofia e do estudo do cérebro como foram Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud e Josef Bauer. É um romance interessantíssimo que cruza a existência real dos protagonistas com factos das suas vidas, mas que lhe entrecruza uma vertente interior, que é o que, na minha opinião dá o “sal” a esta obra. Todos os protagonistas são vistos à luz dos seus próprios fantasmas interiores, e são numa forma muito cuidada alvo de “análise” pelo autor Irvin D. Yalom. Este autor, um académico da àrea, Professor de Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, pinta-nos um retrato de uma Viena fervilhante de brilhantes intelectos onde estão a surgir os fundamentos na psicanálise. Este é um romance com um ponto de partida inteligente, que trata ainda assim da Amizade, do Amor e da Angústia, e que trata de se manter interessante da primeira até à ultima página. Um best-seller atípico, pelo tema. Ainda que os numeros não sejam nunca os argumentos para se sugerir uma leitura, que é muitas vezes fruto do marketing livreiro. Mas neste caso é a qualidade intrínseca que determina os impressionantes numeros de vendas. Estamos aqui a falar de um livro de 1992, não vão por acidente pensar que se trata de uma qualquer novidade, até porque estou certo de que para os mais atentos este é um daqueles casos em que esta sugestão vai clara e redondamente fora de prazo. Mas é fundamentalmente pelo palco e pelos actores deste romance, Friedrich Nietzsche, o maior filósofo da Europa, Josef Bauer um dos pais da psicanálise, e um jovem estudante chamado Sigmund Freud (cujo nome vale por si só), e pela trama que os envolve que este livro vale claramente a pena. Boas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:
A Casa Verde de Mario Vargas Llosa (Dom Quixote)
Suite Francesa de Irene Nemirovsky (Dom Quixote)
O Cemitério de Praga de Umberto Eco (Gradiva)
No Coração Desta Terra de J.M. Coetzee (Dom Quixote)


Comentários

Bípede Falante disse…
Entendo perfeitamente. O meu ritmo também oscila. Às vezes estou em alta velocidade. Às vezes devagar quase parando.
beijos

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