Furacão de Laurent Gaudé (Porto Editora)


“Quanto mais violenta a tempestade, tanto menor a sua duração” Séneca

Uma vez mais uma excelente recomendação. O facto de a esta altura já ter estabelecido com alguns amigos uma espécie de comunidade informal de leitores também me facilita o encontrar novos autores. O meio editorial e livreiro está, como já aqui tenho repetido a ser positivamente inundado de publicações. E nem sempre é fácil encontrar sem ajuda os melhores caminhos. Neste caso foi uma Querida Amiga, e valha a verdade de quem aqui também já sugeri uma obra, “Cicatrizes de Mulher”, a Sofia Branco, quem me indicou a obra e o autor a quem já inclusivamente entrevistou. Não é a primeira vez que a Sofia me introduz autores e universos literários fascinantes, o ultimo, o magnifico “Ferrugem Americana” de Philipp Meyer, provavelmente um dos melhores livros que li nos últimos tempos, e que também aqui aconselhei. Este “Furacão” de Laurent Gaudé é, de facto uma tempestade literária. Dizer que gostei fica claramente aquém do meu sentimento ao terminar o livro. É uma obra poderosa, intensa e que explica bem a magia dos livros. O cenário é o de uma New Orleans que espera a chegada do Furacão Katrina, e que conta a história do seu princípio e fim, nas vidas de uma meia dúzia de personagens. A história é contada pela voz de cada uma delas na primeira pessoa, num registo multifónico que resulta e que nos conduz a um final muito bem conseguido. Como de costume, não adianto muito mais, até porque nesta obra não há uma história apenas, mas um caminho por um fenómeno que, transversal a varias vidas que nos são contadas nos traça vários rumos. Algumas personagens tem um destino que se encontra no final, outras cruzam-se a dada altura, mas todos nos dão a medida de um grande livro. A forma escolhida para contar o drama vivido na passagem do Katrina é singular, e a escolha dos personagens traça-nos um quadro de um desespero e desilusão que vem a ser iluminados, quer por momentos de esperança, quer muito mais por um retrato interior dos subúrbios e de todos os que vivem nas margens das grandes cidades, e aqui também nas margens e nos extremos da vida. Obrigado Sofia. Boa Semana e… Boas Leituras! J
Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
Uma Mentira Mil Vezes Repetida de Manuel Jorge Marmelo (Quetzal)
O Ano do Dilúvio de Margaret Atwood (Bertrand)
O Príncipe da Neblina de Carlos Ruiz Zafón (Planeta)
O Declinio da Mentira/A Alma do Homem e o Socialismo de Oscar Wilde (Relógio d´àgua)  

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