A SORTE DE JIM de Kingsley Amis (Quetzal)


"Quanto maior for a sorte, menos se deve acreditar nela."Tito Livio



Mais uma semana, esta de regresso ao trabalho após umas curtas mas proveitosas férias, em termos de leituras, claro está. Acontece com uma periodicidade certa e com uma certeza quase matemática que as prateleiras principais de todos os espaços que oferecem livros para venda na chamada “época alta” de férias, disponibilizam sempre uma maior oferta em termos de quantidade do que em termos de qualidade. Há uma certa “leitura de massas” que se pode apreciar mais significativamente nesta altura do ano. Assim, lá vemos pelas mesas das esplanadas e pelas areias das praias muitos livros de autores que quase sempre não nos surpreendem. Entendo desde sempre que não deve haver ditadura de gosto relativamente aos livros. No estado em que a literacia anda e tem andado no nosso País, já é um avanço considerável que as pessoas leiam livros maus, e pode mesmo ser por aí que a tendência se consiga estabelecer numa certeza de que mais e melhores livros se vão ler. Oxalá. Relativamente à sugestão da semana, este “A Sorte de JIM” de Kingsley Amis, é um tiro completamente ao acaso numa visita à Fnac. Não me foi nem aconselhado, o que é a maioria dos casos dos livros que aqui vou sugerindo, nem mesmo tinha qualquer noção prévia de quem é Kingsley Amis. Assim se fazem por vezes boas descobertas, numa mistura de sorte e risco. A verdade é que este se revelou um livro que vale mesmo a pena ler. Pela fantástica personagem que é James (Jim) Dixon, pelo ambiente académico e respetiva fauna que o redeiam, mas sobretudo pela leitura que Jim vai fazendo do mundo. O tema e o ambiente fazem por vezes lembrar os livros de David Lodge, mas o registo é diferente. Seja para o passear pelas esplanadas ou praias ou para leitura mais doméstica, aproveitem, vale a pena! Termino dizendo que esta não é também uma leitura nova, é um romance já com uma idade respeitável, tendo sido lançado em 1954, pelo que não seja de estranhar que a sua principal qualidade, seja precisamente a intemporalidade da visão de Kingsley Amis, através dos seus personagens, sobre a vida nos seus aspetos mais de pormenor. 
Boa Semana e… Melhores Leituras! J

Na Mesinha De Cabeceira:

Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)

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