JOSÉ de Rubem Fonseca (Sextante Editora)


“As folhas secas cobrem em abundância o caminho das recordações ” James Joyce

Mais uma referência a Rubem Fonseca. Dir-se-ia que levo a sério a promessa auto infligida de recuperar tempo perdido e mergulhar sofregamente na obra deste genial autor que me chegou ao conhecimento apenas no ano passado, o que sendo vergonhosamente tardio, não é irremediável. E, a verdade todinha é que venho a ser, de certa forma, perseguido por uma série quase ininterrupta de leituras em que os autores que vou selecionando me oferecem varias formas de fazer a memória das suas vidas. Se fizer esse exercício tenho pelo menos Gabriel Garcia Márquez com o “Viver Para Contá-la” e o Paul Auster com o “Diário de Inverno” nas mais recentes sugestões aqui deixadas. É também o caso deste magnifico “José” de Rubem Fonseca que revisita a sua infância e vida até aos vinte e poucos anos. De uma forma sempre absolutamente impar e inconfundível, o “José” Rubem Fonseca, faz de nós testemunhas das suas horas lembradas, nunca se esquecendo de deixar bem claro que é isso que este livro faz, lembrar pelos olhos e pena do autor uma realidade pessoal. É recorrente na literatura a citação de várias fontes que dizem das memórias, biografias e relatos de vida serem apenas sombras de uma realidade vivida e que apenas dela se pode dar uma ideia, que pode estar aquém ou além da realidade efetiva. Não acho que seja determinante, pelo menos naquele registo a que se costuma chamar literatura, e dentro do número reduzido de grandes escritores que conheço, que a realidade seja um argumento. A forma de contar de Rubem Fonseca é quanto baste para justificar que tudo quanto lemos se torne a nossos olhos real. Há de entre este livro que se lê com muito agrado, um pormenor que ressalta, o permanente homenagem à língua mãe e aos seus autores. Mais do que um repositório de aventuras e episódios vividos, é muito mais um compêndio de referências literárias e de uma guerra que a todos que gostam de ler nunca foi estranha, entre os que escolheram escrever em português e a equipa do “resto do Mundo”. A minha posição aqui várias vezes repetida de algum “receio” pela e da obra da maior parte dos “autores portugueses vivos”, tem sido continua e constantemente abalada pela pena de dois autores, ambos já octogenários, o que em si poderá não querer dizer nada de especial, mas que não abona em favor das novas gerações de escritores em português. Um deles é muito claramente Rubem Fonseca. Comprem, leiam, leiam, tudo quanto puderem, deste genial escritor com o qual, ainda por cima, temos a sorte e o privilégio de partilhar a língua.

… Boas Leituras e Votos de um Excelente 2013, cheio de livros!!! J

Na Mesinha De Cabeceira:

PENA CAPITAL de Robert Wilson (D. Quixote)
UM APARTAMENTO EM ATENAS de Glenway Wescott (Relógio d´Agua)
ATÉ AO FIM 1944-1945 de Ian Kershaw (D. Quixote)
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
A FABULA de William Faulkner (Casa das Letras)
O PROBLEMA ESPINOSA de Irvin D. Yalom (Ed. Saída de Emergência)
PERSEGUIÇÃO ESCALDANTE de Janet Evanovich (Topseller)
A PIADA INFINITA de David Foster Wallace (Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE  de Thomas Pynchon (Bertrand)
AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO de Steven Saylor (Bertrand)


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