A LUZ É MAIS ANTIGA QUE O AMOR de Ricardo Menéndez Salmón (Assírio & Alvim)


“Em arte, procurar não significa nada. O que importa é encontrar” Pablo Picasso

O nome de Ricardo Menéndez Salmón não era estranho para mim. Tinha já por várias vezes ouvido referir a “Trilogia do Mal” (que ainda não li) com muito boas referências. E, nesta ultima expedição à Fnac, em conversa com o Duarte, que é provavelmente a melhor fonte de boas (e novas) leituras que tenho encontrado, decidi-me por este título para começar aquilo que me parece um muito bom caminho. A forma como chegamos a novos títulos e autores não difere muito, no meu caso pelo menos. Vou tendo a sorte de ter amigos bem informados e que também partilham esta sina de ter de ler. E vou também frequentando alguns fóruns de leitores que me vão despertando curiosidades. Nem sempre acertamos ao escolher, mas devo dizer que ultimamente não conto grandes desilusões. Há cada vez mais gente a chegar ao mercado editorial e livreiro português com enorme talento. Há também, inversamente proporcional, menos tempo para chegar a tudo e a todos que gostaríamos de conhecer, a somar aos que, de uma forma ou outra, se tornam para cada um de nós, os eleitos de sempre. Não é muito importante. Desde que se vá ao encontro do prazer de ler. E este último livro cumpre de forma excelente esse papel fundamental que é, afinal, o papel de cada livro: promover os seus pares. Este é um livro sobre a arte. A arte de pintar, de criar, de escrever, mas sobretudo de pensar. Partindo de uma obra que desafia os cânones do seu tempo “A Virgem Barbuda” de Adriano de Robertis, passando pela vida, obra e suicídio de Mark Rothko e da carta do pintor russo Vsévolod Semiasin (destes só Rothko não é uma personagem ficcionada), um escritor, Bocanegra, (um possível alter-ego do autor) leva-nos a viajar por três dos momentos que definem a sua vida e obra.Para além da surpresa com o tema: de uma possivel descrição escrita do próprio conceito de luz nasce o nome da obra e todo este universo de arte e criação que se move, de forma concêntrica à volta desta inscrição: lux antiquor amore. O que mais me agradou foi a forma e o ritmo com que se conseguem coser capitulos de evidente erudição, com uma história que se pretende contar a partir de vários olhares, tempos e locais. Uma descoberta talvez tardia, mas que partilho com a certeza de que ninguém será levado ao engano.
Boas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE  de Thomas Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
UM HOMEM DE PARTES de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)


Comentários

Anónimo disse…
Cozer ? Coser! --- Shadow
Ricardo disse…
Corrigido!
Não sendo (como não é), no sentido de "cozinhar", agradeço o reparo. Obrigado pela visita e pela ajuda.
:)
Anónimo disse…
De nada. Continua o bom trabalho e vai dando cada vez mais sugestões sobre livros. --- Shadow

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