A SORTE QUE MOVE O DESTINO de Matthew Quick (Editorial Presença)

"A esperança é o sonho do homem acordado." Aristóteles



Por vezes acontece. Na vida como nos livros, há boas surpresas. Cheguei a este “A sorte que move o destino” por via de um filme “Guia para Um Final Feliz” que em 2012 surpreendeu muita gente com um excelente argumento e com muito boas interpretações, chegando mesmo aos Óscares. Mas hoje não é de cinema que se fala aqui, é de livros. E se o “Guia Para um Final Feliz”, não o li enquanto livro, despertou-me a curiosidade para este “A Sorte que Move o Destino”. Faço aqui um parêntesis para assinalar as respetivas traduções dos dois títulos, nas quais se me afigura que se perde algo do original. Se o “Guia Para um Final Feliz”no original é “Silver Linings Playbook”, este “A Sorte Que Move o Destino” é, originalmente, “The Good Luck of Right Now”, e neste mais do que no anterior, perde-se algum do significado geral da mensagem deste livro. Mas não é grave, é apenas uma sensação minha. Voltando ao livro e à minha primeira leitura de Matthew Quick, o que posso dizer é que mal comecei o livro tive uma primeira má impressão. Não me parecia que um livro dividido por cartas escritas ao ator Richard Gere fosse muito longe. Engano. Dos grandes. Um quinteto de personagens geniais, um escritor a sério e a coroar isto, uma boa história para contar. Não será a grande literatura que as academias endeusam, mas é um bom livro. Uma história de gente, com um Bartholomew Neil a entrar para o meu Panteão particular de personagens bem inventadas Uma história que dará certamente também ela um bom filme, e que, e também não é pecado, parece ter sido escrita já como um pré-guião. Enfim, sem entrar em grandes pormenores, há um conjunto de personagens que habitam nas margens da normalidade e que nos fazem muitas vezes questionar o verdadeiro sentido da vida, da dádiva, da Amizade, do Amor e até do sacrifício (que o livro encerra vários nas várias leituras das suas histórias entrecruzadas). Gostei. É fácil de ler. É divertido, ligeiro na essência mas muitas vezes vai bem abaixo na pele e toca-nos em sítios para os quais nem sempre estamos atentos. É uma espécie de chamada de atenção para a diferença, e para os extremos com que avaliamos e lidamos com isso. Acaba por ser uma história de ternura, mais do que de Amor. De bondade e sobretudo do que mais escasseia na vida das pessoas, Esperança. Acabei o livro feliz, e isso não é algo que todos os livros provoquem. Por isso só, mais do que a qualidade literária ou arte associada, vale bem a pena o passeio. Termino como comecei, a vida apresenta-nos muitas surpresas. De todas elas retiramos alguma coisa. Desta consegue-se extrair um sorriso, que parecendo coisa pouca, não tem ainda valor de mercado…


Boa Semana e Boas Leituras!!!

Na Mesinha De Cabeceira:

A CASA DA ARANHA de Paul Bowles (Quetzal)
AS LUZES DE SETEMBRO de Carlos Ruiz Zafón (Planeta)
TEATRO DE SABBATH de Philip Roth (D. Quixote)
O TODO-MEU de Andrea Camilleri (Bertrand)
AMORES E SAUDADES DE UM PORTUGUÊS ARRELIADO de Miguel Esteves Cardoso (Porto Editora)
PANICO NO SCALA de Dino Buzzati (Cavalo de Ferro)
O ENTE QUERIDO de Evelyn Waugh
TUDO O QUE SOBE DEVE CONVERGIR de Flannery O´Connor
VITORIA de Joseph Conrad (Ulisseia)
OS FACTOS de Philip Roth (D.Quixote)
A SOMBRA DA ROTA DA SEDA de Colin Thubron (Bertrand)
AS LUZES DE SETEMBRO de Carlos Ruiz Zafón (Planeta)
MAS É BONITO de Geoff Dyer (Quetzal)
VERDADE AO AMANHECER de Ernest Hemingway
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier (Quetzal)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
FUGAS de Alice Munro (Relógio D´Àgua)
DANUBIO de Claudio Magris (Quetzal)
OS ANEIS DE SATURNO de W.G.Sebald (Quetzal)
TELEFÉRICO DA PENHA (IMAGINÁRIO E REALIDADE) de Esser Jorge Silva (Edições Húmus)
LIBRA de Don DeLillo (Sextante Editora)
RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster (ASA)
AMSTERDÃO de Ian McEwan (Gradiva)
ALFABETOS de Claudio Magris (Quetzal)

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