A ARTE DA ALEGRIA de Goliarda Sapienza (D. Quixote)

“Nunca se pode concordar em rastejar, quando se sente ímpeto de voar” Helen Keller


Este é definitivamente um livro invulgar. É um livro acerca do qual se poderiam escrever vários livros. É uma obra que levou dez anos a ser escrita, e tem muito da vivência da autora, ela própria uma personagem digna de nota.É um livro cheio, que retrata uma certa vida, na primeira metade do século passado na Sicilia. A primeira e óbvia ideia que nos surge é uma comparação com “O Leopardo” de Giuseppe Tomaso di Lampedusa. A estória de Modesta, a personagem principal desta “A Arte da Alegria” é também uma estória de ascenção social. Aqui distingue-se do retrato da aristocracia e seu declinio em “O Leopardo”. E há de facto pontos em comum entre as duas obras, mas na essência são distintas. Vale a pena ler. Goliarda Sapienza, faz fluir atravez de um elenco riquíssimo de personagens todas as suas opiniões sobre os factos da vida. Há muito neste livro, muito mais do que a mera “Alegria” que lhe dá titulo. É sobretudo uma ode à liberdade, à liberdade de poder ser, de poder dizer. Tem passagens de uma qualidade litarária incontestável e chega-se ao final com a ideia de uma mensagem que a autora tenta, e neste caso consegue, passar. É de tal forma, que depois de ler o livro fiquei com a necessidade de saber mais sobre a sua autora, o que me fez ter a certeza de que, nesta obra de grande folêgo está tudo aquilo que enformou a sua (da autora) vida, e que nos deixa em legado um bom numero de abordagens sobre as coisas e a vida, sobretudo no aspecto da moral, ou em alguns casos da ausência desta. A narrativa, nem sempre é uniforme, nem sempre é totalmente coerente (o que aliás se nota, em vários momentos, pela contradição entre narração nas primeira ou terceiras pessoas, pelas mudanças bruscas de perspectiva) mas percebe-se que isso se deve ao facto de ter sido escrita em diferentes fases da vida da autora. É um livro primordial. Um Clássico. Boas Leituras!

PARA A SEMANA: SUBMUNDO de Don DeLillo (Sextante Editora)

NA MESINHA DE CABECEIRA:

Continuam:

INÉDITOS de Antoine de Saint Exupéry (Casa das Letras)

BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA de Pablo de Jevenois (Esquilo)

O MONTE DOS VENDAVAIS de Emily Bronte

CRÓNICA DO PÁSSARO DE CORDA de Haruki Murakami (Casa das Letras)

OS ANAGRAMAS DE VARSÓVIA de Richard Zimmler


Comentários

Dalaila disse…
este teu texto fez-me viajar

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