O PADRINHO de Mario Puzo

“A família é um conjunto de pessoas que se defende em bloco e se ataca em particular." Diane de Beausacq

Continuando com boas leituras, e aproveitando os meses estivais, proponho esta semana um livro que li há mais de vinte anos e que conservo até hoje como um dos que melhor entretém. O Padrinho. Um dos exemplos de grandes narrativas que foram glorificadas pelo cinema, é esta saga da Familia Corleone, ou mais precisamente da Familia Andolino da aldeia de Corleone na Sicilia. É definitivamente um livro de culto. È o primeiro a tornar o fenómeno Máfia, num conceito global. Introduz toda a parte cerimonial e iniciática dos “made men”. Transforma todo um léxico hermético numa linguagem global, hoje em dia, os termos “capo”, “capo de tutti capi”, “consiglieri”, “omertá” e muitos outros, são de uso e reconhecimento fácil. Há uma mitologia que se desenvolve a partir desta obra de Mario Puzo. A noção de honra e divida é magistralmente introduzida na primeira cena, que decorre a par do casamento da filha de D. Vito Corleone, na visita de Amerigo Bonasera, agente funerário, que vem pedir justiça para a sua própria filha, violentada e desfigurada por rufiões. A pausada introdução a um mundo onde a honra se lava com sangue e o poder assenta numa violência extrema, a descrição da gestão dos equilíbrios do submundo da “onorata societá”, deu uma visibilidade impar a este género de crime organizado. Mais do que isso, deu um “glamour” próprio à actividade dos “mafiosi”. Creio que como muitos dos livros celebrizados pelo cinema, por vezes existe a tentação da comparação, o que nem sempre é justo, quer para os livros, quer para os filmes. Há um pormenor neste, é que foi pensado de inicio como um guião cinematográfico que, ao ser recusado, se tornou num dos livros mais lidos e vendidos de sempre, acabando por ser, inevitavelmente produzido na conhecida série de filmes. É um excelente livro. Uma estória fundamental.E uma aposta certeira para quem ainda não leu. O facto de se ter visto o filme não desculpa. É obrigatório. Não vão acordar com uma cabeça de cavalo ao vosso lado na cama…Boas Leituras!

PARA A SEMANA: HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL de J.K. Rowlling

NA MESINHA DE CABECEIRA:

Continuam:

ESCRÍTICA POP de Miguel Esteves Cardoso (Assírio & Alvim)

CICATRIZES DE MULHER de Sofia Branco (Publico)

INÉDITOS de Antoine de Saint Exupéry (Casa das Letras)

CRÓNICA DO PÁSSARO DE CORDA de Haruki Murakami (Casa das Letras)

OS ANAGRAMAS DE VARSÓVIA de Richard Zimmler

Comentários

Mínimo Ajuste disse…
O Padrinho não é o mesmo livro O Poderoso Chefão, é?
Mínimo Ajuste disse…
Esqueci de dizer que quem fez a pergunta sou eu: bípede falante.
Ricardo disse…
Olá Bípede. É verdade, no Brasil é "O Poderoso Chefão", "The Godfather" no original.

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