A TAPEÇARIA DO SINAI de Edward Whittemore (Ulisseia)

Originalidade não consiste em dizer o que ninguém disse antes, mas em dizer exactamente o que você pensa por si próprio JAMES STEPHENS

Pode-se ler na capa deste livro que o seu autor é: o grande autor americano desconhecido do Séc. XX, mais coisa menos coisa. Habituado que estou às citações de terceiros, e a um cada vez mais rotineiro uso e abuso de estratégias de marketing e autopromoção por parte de editores, livreiros e autores, fiquei, como se costuma dizer, “de pé atrás”. Sendo assim, nada mais me restava que não fosse ler com os meus próprios olhos e, deixar aqui as minhas conclusões. E que boa surpresa se tornou este livro. Lido sem qualquer espectativa de maior, posso agora dizer que é uma obra prodígiosa. E prodígios não faltam neste livros. Para começar, ainda estou com a cabeça à roda na tentativa de o classificar. Não é fácil. É um registo literário muito próprio, andará certamente não muito longe do realismo mágico, mas num mundo e em cenários muito diferentes daqueles a que a escrita sul-americana, expoente máximo deste género, nos habituou. É uma obra de grande fôlego, de uma imaginação sem limites e muito bem construída. Tem personagens absolutamente diferentes de tudo quanto já vimos, e movem-se num mundo que só por coincidência pode ser o nosso. O livro, de que este “Tapeçaria do Sinai” é apenas o primeiro de quatro tomos de “O Quarteto de Jerusalem”, apresenta-nos uma visão muito particular do Médio Oriente, traçada por um fresco de imagens e personagens inauditas. Um aristocrata ingês, surdo, com dois metros de altura, bôtanico e espadachim, explora o Médio Oriente, escreve um ostracizado tratado sobre sexo, e chega a comprar o Império Otomano. Um nobre Albanês, torna-se monge e descobre uma cópia da Biblia que vai posteriormente falsificar e um Irlandês, filho de um profeta, que foge da Irlanda ocupada pelos Ingleses, disfarçado de freira e que se torna traficante de armas. São, para resumir, muito, estes os ingredientes desta obra que com um humor assinalável, acumula facto e feitos improváveis uns atras dos outros, a um ritmo que não podemos senão acompanhar com prazer e surpresa, esta história plena de magia e originalidade. Esqueçam o que os outros dizem sobre este livro, esqueçam inclusivamente o que aqui vos digo, mas por favor leiam. Vale verdadeiramente a pena!íBoas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:

As Benevolentes de Jonathan Litell (D. QUIXOTE)

Tempestade de William Boyd (Casa das Letras)

O Filho Eterno de Cristovão Tezza (Record)

O Feitiço de Xangai de Juan Marsé (D. Quixote)

Comentários

Elza Magna disse…
Nunca li nada desse autor, Ricardo, mas já havia ouvido falar dessa tetralogia. As características que tu assinalas tornam-o extremamente atraente para mim. Realismo mágico mais humor já é uma dobradinha praticamente imbatível.

Obrigada.

Um abraço

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