V. de Thomas Pynchon (Bertrand)


"Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite” Edgar Allan Poe

Este é o romance de estreia de Thomas Pynchon, publicado a primeira vez em 1963 e muito bem recebido pela crítica. É um livro poderoso, um daqueles livros cuja marca de autor é absolutamente reconhecível. Não consigo imaginar outra pessoa a conseguir o efeito literário neste V. da forma que Pynchon o fez. O livro, cuja linha de rumo segue um bando de personagens atípicas, de entre as quais avultam Benny Profane e Stencil, leva-nos numa viagem a um universo onírico, de onde só conseguimos retirar algum sentido se nos deixarmos levar por esse registo que nos afasta do real e nos aproxima mais de um cenário de sonho. Não me parece que um autor banal consiga imprimir um ritmo e fornecer um manancial de informação tão vasto, num registo de não-realidade (ou quase realidade) sem cair na vulgaridade ou na mais simples e prosaica total inverosimilhança da história. É completamente absorvente, apesar de nos transportar a um (neste caso muitos cenários) e personagens que tem mais proximidade com o universo do fantástico do que com uma estória linear. A estória central prende-se com a busca obsessiva de Stencil de uma personagem V. que perpassa toda a história, e mais ainda diferentes épocas de História, e que nos leva a viajar por vários cenários e épocas com recurso a alguns “flashbacks” literários. Já ao propor aqui a leitura de “Vicio Intrínseco” (no Brasil “Vicio Inerente”), deixei como referência a capacidade invulgar deste escritor em criar cenários ilusórios ou vagamente psicóticos, que apesar de tudo nos prendem da primeira à última página. De Thomas Pynchon podemos acrescentar que é normalmente referido o seu nome como constante da “Short list” para o Nobel da Literatura, o que, pelo menos na minha singela opinião faz todo o sentido. Como em muitas das minhas leituras, não comecei a leitura de Pynchon por ordem cronológica, li primeiro o ultimo livro que publicou (em 2010, precisamente “Vicio Intrínseco” publicado pela Bertrand) e fiz eu também um flashback até ao primeiro que é este V. Podem acreditar que não fico por aqui. Quer um quer outro fazem-nos boas promessas relativamente à totalidade da obra. Apesar de reconhecer que pode não ser uma obra abrangente, que seja de gosto universal, recomendo sem qualquer hesitação.…. Boas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
Uma Mentira Mil Vezes Repetida de Manuel Jorge Marmelo (Quetzal)
O Homem Que Gostava de Cães de Leonardo Padura (Porto Editora)
O Ano do Dilúvio de Margaret Atwood (Bertrand)


Comentários

Wicahpis disse…
Olá,
Tenho um prémio para ti no meu blog. Passa por lá. Bjs.

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