Carta Branca de Jeffery Deaver (Porto Editora)
“A aventura não está fora do homem, está dentro” George Sand
A sugestão de leitura desta semana tem como ponto de partida um dos
personagens de que mais gosto, e porventura um dos personagens literários mais
conhecidos globalmente. Neste aspeto não sou mais do que um dos muitos milhões
de seguidores das aventuras do espião britânico mais famoso de sempre, James
Bond. É verdade que este reconhecimento se deve muito mais ao cinema do que à
genial criação de Ian Fleming. No meu caso, e no de muitos da minha geração,
estou certo que também conhecemos a personagem primeiro na tela e depois no
papel. Mas gostei muito e continuo a gostar dos livros do autor original Ian
Fleming, à obra e a esses livros devo também aqui algum tempo de antena que
pretendo recuperar em breve. No entanto este de que hoje se fala não é do autor
original mas sim já um outro de uma série de autores que tem sido convidados
para continuar a dar vida literária a esta fenomenal personagem. Já foram entre
outros convidados a fazê-lo nomes como Kingsley Amis, Jonh Gardner e Sebastian
Faulks (deste ultimo e do respectivo livro “Devil may care”, já nesta coluna
falámos). Este “Carta Branca” de Jeffery Deaver (devo reconhecer que é o
primeiro livro deste autor que leio, se bem que é reconhecidamente um escritor
de grande sucesso na área do policial), este, dizia, é mais uma vez uma
abordagem completamente diferente à personagem. O agente 007 é agora nosso
contemporâneo, tem trinta anos e alguns dos tiques, maneirismos, gadgets e
mesmo o automóvel que conduz são diferentes do habitual. O registo da obra é
muito bom e de leitura compulsiva, percebe-se que o autor está perfeitamente à
vontade dentro da área. É mais uma aventura em que Bond nos leva de cidade e
continente em continente a perseguir mais um vilão idiossincrático. Gosto e
recomendo. Aliás, para me repetir, nesta coluna não se faz crítica, fazem-se
sugestões, e parece-me disparatado recomendar coisas de que se não gosta. Enfim,
com mais tempo falarei do mais famoso agente ao serviço de Sua Majestade em
outras obras, com perdão de não ter começado pelo autor original. O facto é que
este tipo de obras também tem um efeito que repercute nas originais, quem ler
estes romances pós-Fleming decerto que ficará com pelo menos curiosidade de ir
espreitar os originais, e vale bem a pena acreditem. Há surpresas várias para
quem se habituou ao Bond do cinema. Este “Carta Branca” não é exceção. É Bom, Muito Bom, if you know what I mean.
;) Boa Semana e… Boas Leituras! J
Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
O Príncipe
da Neblina de Carlos Ruiz Zafón (Planeta)
O
Declinio da Mentira/A Alma do Homem e o Socialismo de Oscar Wilde (Relógio
d´àgua)
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