GLAMORAMA de Bret Easton Elis (Teorema)
“Todos vêem o que pareces, poucos
percebem o que és.” Nicolau Maquiavel
Enquanto várias leituras
de volume e densidade altas não terminam e me libertam para as respectivas
sugestões, tenho que me socorrer de leituras mais antigas para continuar o meu
pequeno propósito de “evangelização literária” J. Ironias à parte, devo fazer constar
que o protocolo estabelecido entre o jornal e a Fnac, que me tem permitido
escolher alguns bons livros, tem também contribuído para que o meu atraso em
relação às obras que se vão acumulando na “mesinha de cabeceira” se acentue. Há
claramente livros que se lêem com muita rapidez e outros cuja leitura nos
obriga a outro ritmo e a outro empenho. É o caso. Estou presentemente a ler Thomas
Pynchon e David Foster Wallace (e diz-se que este é uma espécie de discípulo
daquele) o que, para quem conhece o fôlego das respectivas obras, de certa
forma me desculpa de não trazer, desta vez, nada de “fresco”. Ainda assim,
fazendo uma busca pelas minhas leituras anteriores e querendo sempre sugerir
algo que possa ser apreciado, volto a um dos meus autores de eleição que é Bret
Easton Elis, famoso por obras como “American
Psycho”, “Menos que zero” e “Quartos Imperiais” estes dois últimos
dos quais já aqui falei em anteriores sugestões. Para quem goste dos universos
distópicos e da descrição da vacuidade das sociedades modernas, Elis é um
mestre, é o típico escritor que representa bem a Geração X abordando a vida das sociedades
urbanas (de algumas elites, mais precisamente) recorrendo à criação de
personagens que são a verdadeira essência dos quadros literários que vem
desenhando. Este “Glamorama” vem a
ser uma descrição da decadente moderna cultura da celebridade mais um menos
instantânea e da gratuitidade do meio que a envolve. É um retrato de autor de
um mundo que faz da aparência a essência. Todo o livro se desenrola à volta de
uma franja da sociedade que vive num mundo de intensa voracidade consumista e
da obsessão da auto-imagem perfeita. É assim, que, num ambiente paralelo onde
surgem a cada páginas nomes de celebridades reais se constrói um thriller com um grupo de modelos (de
moda sim) que é simultaneamente um grupo terrorista. Quem conhece Bret Easton
Elis, sabe que a sua escrita é não-linear, mas é poderosa, e consegue
infalivelmente descrever realidades muitas vezes simplesmente divertidas,
outras tantas, profundamente incómodas. Não creio que seja a obra ideal para
entrar na leitura deste autor, para isso sugeriria “Menos Que Zero” , o seu primeiro sucesso, mas para quem já leu
alguma coisa e ainda não conhece esta, pareceu-me uma boa sugestão. Boa Semana
e Boas Leituras!!! J
Na Mesinha De Cabeceira:
PENA CAPITAL de Robert
Wilson (D. Quixote)
ATÉ AO FIM 1944-1945 de
Ian Kershaw (D. Quixote)
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA
DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
A FABULA de William
Faulkner (Casa das Letras)
A PIADA INFINITA de David
Foster Wallace (Quetzal)
ARCO-IRIS DA
GRAVIDADE de Thomas Pynchon (Bertrand)
PELA ESTRADA FORA (O ROLO
ORIGINAL) de Jack Kerouac (Relógio d´Água)
A DIVINA COMÉDIA de Dante Alighieri (Quetzal)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE
de David Lodge (ASA)
UM HOMEM DE PARTES de
David Lodge (ASA)
ENGANO de Philip Roth (D.
Quixote)
NADAR PARA CASA de Deborah
Levy (D. Quixote)
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