NADAR PARA CASA de Deborah Levy (D. Quixote)
“A realidade é
apenas uma ilusão, ainda que muito persistente.” Albert Einstein
Este livro de Deborah Levy é uma
belíssima indicação que me foi dada na Fnac em Guimarães. Não conhecia nem
titulo nem autora. Daí que, ao saber que o livro esteve na shortlist para o Man Booker
Prize 2012, tenha feito alguma pesquisa. O que mais me surpreendeu, não
foram as referências que encontrei a esta autora. Foi um certo desencanto pela
escolha do júri do referido prémio em 2012. O Man Booker foi atribuído a Hilary
Mantel pelo romance histórico “Bring
Up The Bodies”, o que torna esta autora a única a ter recebido este prémio
por duas vezes. O que me chamou realmente a atenção, e é um tema que é
recorrente quando enquadrado neste universo dos galardões literários é o de
saber se os prémios devem ser atribuídos somente pelo mérito ou se na
respectiva escolha e análise dos candidatos, deve ser levado em conta o efeito
que o prémio tem a vários níveis. Um, a projecção da obra e do vencedor, o que
é mais ou menos óbvio, e por aqui, claro que a reincidência na entrega a um
mesmo autor diluiu o efeito de difusão/promoção da leitura. Assim, ao atribuir
o mesmo prémio duas vezes a um mesmo autor, independentemente do mérito,
estaríamos sempre a deixar de ajudar outros autores a ficarem por baixo dos
holofotes dos leitores. É uma posição que só em parte subscrevo. Um prémio, por
natureza deve ser dado aos melhores, ainda que isso seja impeditivo do
aparecimento de outros autores que pelos mais variados motivos não consigam a
projecção que merecem. O sucesso no mundo editorial é algo que me escapa. De
verdade. Tenho lido coisas magnificas perfeitamente desconhecidas do grande
público, assim como, devo reconhecê-lo, nem sempre a categoria de best seller é inversamente proporcional
à qualidade literária. Deixando estes considerandos para outros espaços, e
voltando ao que aqui realmente importa, que é a promoção da leitura, devo dizer
que este “Nadar para Casa” me surpreendeu muito positivamente. É uma obra
fresca, bem composta, com personagens muitíssimo interessantes e que, um
pormenor que aprecio bastante, remete para o nosso próprio universo, fazendo
com que sejamos forçados a fazer pontes entre a ficção descrita e a nossa
própria realidade. Katt (Ket) Finch é
uma personagem que vive ao nosso lado, todos os dias, e à qual que só muito
raramente damos a oportunidade de se revelar tal como é. Gostei muito.
Recomendo e a exemplo do que tenho feito com outros, também Deborah Levy entra para a minha “shortlist” de autores a explorar. Boa
Semana e Boas Leituras!!! J
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