A PIADA INFINITA de David Foster Wallace (Quetzal)


“A maioria dos homens vive uma existência de tranquilo desespero.” Henry Thoreau

A primeira coisa a dizer aqui acerca de “A Piada Infinita”, é que não é possível, sob que angulo for, deixar aqui uma opinião firme sobre a obra. Em primeiro lugar pelo tamanho da obra, 1198 páginas, nesta edição da Quetzal. Mas mais, muito mais, pela complexidade e pelos incontáveis momentos de eventual remissão desta obra para a própria realidade do seu autor. Começaria talvez por aí. David Foster Wallace é uma espécie de estrela rock da literatura, neste caso, com mais propriedade a verdadeira “dead rock star”, o seu suicídio aos 46 anos de idade e uma obra que vem a ser considerada fundamental na literatura norte americana do último quartel do Séc. XX, assim o determinam. Deixa quando, depois de mais vinte anos de uso de medicação para uma depressão crónica, ainda uma última obra, acabada, encontrada ao seu lado, “The Pale King”, que viria, na sua publicação póstuma a receber o Pulitzer. Este livro de que hoje se fala aqui, A Piada Infinita”, “The Infinite Jest”, no original, é absolutamente único, e uma daquelas obras que só se concebem e produzem a partir de um caracter genial e/ou marginal. O autor, de difícil ou mesmo impossível catalogação é mais ou menos descrito como estando perigosamente entre a loucura e o génio, diz-se também que é um discípulo de Pynchon. Confesso que em certas alturas da narrativa me pareceu. Mas A Piada Infinita é mais uma espécie de disco duro com milhares de partições. Há uma história que se conta, numa realidade lateral à nossa, em que se misturam a relação do eu com o social, sempre assente num registo de fragilidade mental e física, há consumos aditivos de drogas, desporto e espectáculo (o ténis, tal como na vida de David Foster Wallace), e há uma trama que envolve o assassinato de um Presidente de um estado novo (ONAN) que reúne os EUS, o Canadá e o México, e terroristas separatistas, e agências governamentais, e…e… Há um tempo e uma narrativa sempre completamente não linear, não cronológica. Mas estranhamente hipnótica para o leitor. Não sugiro apenas por se tratar de um livro do qual se diz por aí que deve ser lido, mas sobretudo porque é uma viagem a um labirinto mental, onde uma vez entrados (e a própria entrada não é fácil), também não é nada evidente que possamos sair. Pelo menos ilesos. É um livro para nos acompanhar uns meses. Ou talvez anos. Ou para a vida. Leiam e escolham.
Boa Semana e Boas Leituras!!!

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ARCO-IRIS DA GRAVIDADE  de Thomas Pynchon (Bertrand)
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A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
UM HOMEM DE PARTES de David Lodge (ASA)


Comentários

Anónimo disse…
Li-o vorazmente. Adorei cada frase, cada página, que tive receio de o acabar. Conhecia o autor e a sua obra, até falava-se bastante dele nos fóruns literários, quando, por coincidncia a Quetzal decidira lançar A Piada Infinita. Uma grande obra, onde denota-se rasgos á la Thomas Pynchon.

http://www.facebook.com/sergio.knight1?ref=tn_tnmn

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