MOBY DICK de Herman Melville
“O degrau da escada não foi inventado
para repousar, mas apenas para sustentar o pé o tempo necessário para que o
homem coloque o outro pé um pouco mais alto.” Aldous Huxley
Nestes dias de Verão adiado, apeteceu-me falar de um dos caminhos mais
trilhados no processo que leva ao vício de ler. Os livros de aventuras. Há todo
um processo de leitura na infância e adolescência, que a par de outras
características que nos vão enformando enquanto pessoas, nos dita a sentença de
nos tornarmos (ou não) no futuro, leitores mais ou menos habituais. O grau em
que isso acontecerá, já depende de muitas outras coisas. O início desse
transporte que os livros nos proporcionam para outras terras, outros tempos e
outras gentes e realidades, começa, com as devidas excepções, com a introdução
de personagens que se vão tornar para nós amigos e companheiros de toda a vida.
Não há espaço suficiente para citar, mas Emilio Salgari, Robert Louis
Stevenson, Jules Verne, Mark Twain, são dos nomes que serão mais comuns nas
estantes dos que foram jovens na minha geração. Há no entanto um livro que,
para além de oferecer a mais espantosa aventura é um dos meus livros de sempre.
Não vou entrar aqui, não é só não poder, também não me atrevo a caracterizar a
obra na sua plenitude em tão poucas palavras. E se faço esta introdução pelo
lado da aventura não é mais do que tentar vender a coisa pelo lado mais fácil.
Porque é sempre assim que se começa ou se faz caminho para os outros,
aconselhando livros e leituras que se metam em nós e que nos instilem esse
veneno de alma que é ler. Nesta minha auto proposta tarefa, de tentar sugerir
leituras, dou por mim a fazer análises retrospectivas às minhas leituras
favoritas. E, talvez nunca como hoje, me dei conta da gigantesca falha que era
nunca ter falado deste livro. Já tenho muitas vezes em conversa partilhado a
opinião que os curriculae escolares,
de uma forma que também se compreende, é certo, só se preocupam com que os
possíveis futuros leitores leiam autores portugueses e se centrem
exclusivamente na literatura lusa. Tenho para mim que é absolutamente redutor.
É, de certa forma, tomar o nosso pequeno quintal pela Amazónia. Não quero com
isto dizer que se desdenhe do que é nosso. Não. Mas fazê-lo na errada convicção
de que não existe mais nada é que me parece algo menor. Dito isto, é com mais
ou menos certeza que incluiria “Moby Dick” num dos livros obrigatórios. Com
duas leituras. Uma na adolescência e outra na idade adulta. Sim, porque, tal
como nós também os livros e o que eles nos contam vai crescendo, alterando e
até por vezes definhando com a idade. E este é nada menos do que obrigatório.
Boas Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas
Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)
Comentários