UM HOMEM DE PARTES de David Lodge (ASA)


“O passado não tem a mínima importância. O presente não tem a mínima importância. É do futuro que nos devemos ocupar. Isto porque o passado é aquilo que os homens não deveriam ter sido. O presente é aquilo que os homens não deveriam ser. O futuro é aquilo que são os artistas.” Oscar Wilde

Penso que com raras excepções, tenho sugerido toda a obra publicada de David Lodge entre nós. Gosto muito. Comecei por acaso, há já bastantes anos com a oferta por parte de um tio de “O Mundo é Pequeno”. O ambiente académico, meio no qual Lodge se move e descreve como ninguém, fez-me procurar tudo o resto. É dos autores que mais gosto e, valha a verdade que mais tento recomendar. Acresce que nos últimos tempos, apesar de muitas vezes atestar o contrário, tenho lido muitas obras do género biográfico. Biografias, auto biografias e, como é o caso desta, biografias romanceadas. Há quem defenda que todas o são de certa maneira. No caso deste livro, David Lodge, retoma um género que já tinha abordado com “Autor, Autor” onde o faz relativamente a Henry James. Este “Homem de Partes” é substancialmente diferente do “Autor, Autor”, talvez tão diferente como os retratados em cada uma das obras. De um quase assexuado Henry James, passamos para um H.G. (Herbert George) Wells retratado através das suas, mais ou menos legitimas relações amorosas. O estilo de escrita do livro não é uniforme, nem nas vozes, nem nos tempos. Mas funciona. Leva-nos a revisitar a vida e a obra (não a obra na sua totalidade, é verdade) de um escritor que desbravou terrenos na ficção científica e em obras de caracter futurista. Bastaria lembrar “A Maquina do Tempo”, “O Homem Invisível”, “A Guerra dos Mundos” ou “A Ilha do Dr. Moreau”. Situada a acção no fim da vida de H.G. Wells, no ano de 1944, durante os bombardeamentos a Londres, que este nunca abandonou. H.G.Wells, doente com cancro, por intermédio dos que lhe são mais próximos e de uma voz interior conta e avalia a sua vida. Obra interessante, quer sejamos admiradores de Lodge ou de Wells. Ou simplesmente da história bem contada de um escritor que, goste-se ou não, é um dos marcos na universalização da leitura e um ícone da cultura popular.
Boas Leituras!

Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE  de Thomas Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
A QUESTÃO FINKLER de Howard Jacobson (Porto Editora)


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