UMA COISA SUPOSTAMENTE DIVERTIDA QUE NUNCA MAIS VOU FAZER de David Foster Wallace (Quetzal)

Talvez somente os génios sejam verdadeiros seres humanos” Aldous Huxley

Termina-se este livro com uma sensação que nunca nos abandona ao longo da sua leitura, a de termos sido tocados pelo verdadeiro génio. O enorme talento de David Foster Wallace, a par da sua inestimável perda prematura para a literatura, pode ser abordado nesta colectanea de artigos (ensaios e reportagens para várias publicações) como um ponto de partida para aceder, por exemplo a “A Piada Infinita” já aqui sugerida. São, de facto, nove textos que ajudam, e muito, a compreender a forma como o autor escrutinava o que o rodeava. É notória a sensação de que o universo mental de David Foster Wallace, muitas vezes se expande para além do que achamos normal, na forma como observa e descreve realidades e temas tão diversos como uma viagem de recreio, a figura de David Lynch, ou como constrói um genial discurso a finalistas. Os textos aqui reunidos incluem o que dá o titulo ao livro “Uma coisa divertida que nunca mais vou fazer” artigo publicado na Harper´s em 1996, uma caustica análise das viagens organizadas a bordo de um navio de cruzeiro; “E Unibus Pluram: A Televisão e a Ficção Americana”, de 1993 publicado originalmente na The Review of Contemporary Fiction e que é um ensaio fabuloso sobre as interreferencias entre TV e escrita; “David Lynch não perde a cabeça” de 1996 na Premiére; “Pensem na Lagosta” de 2005 na “Gourmet”; “O Grande Filho Vermelho” de 1996 na Premiére; “A vista da casa da Sra. Thompson” de 2001 na “Rolling Stone”; “Como Tracy Austin me partiu o coração” de 1992 na Philadephia Enquirer; “Federer: Carne e não só” de 2006 no New York Times e “A Àgua é isto” palestra feita aos alunos finalistas do Kenyon College em 2005. Não tenho espaço nesta coluna para descrever o impacto que cada uma destas peças me produziu, mas foi intenso. Em cada uma delas pude descobrir que o verdadeiro talento produz uma consciência superior, sobre as coisas e as gentes que David Foster Wallace observa, e o privilégio de poder partilhar dessa visão singular. É absolutamente primordial ler, para se abarcar o mundo deste autor tão precocemente perdido, onde se pode tomar contacto com o quotidiano em todo o seu esplendor surreal de uma forma que só a arte nos consegue mostrar. Nada menos do que textos que muito em breve (para mim já o são) serão elevados a clássicos do ensaio. Um livro fundamental. Espero que gostem tanto como eu gostei, que foi muito. Boa Semana e Boas Leituras!!!
Na Mesinha De Cabeceira:
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE de Thomas Pynchon (Bertrand)
A CONSCIÊNCIA E O ROMANCE de David Lodge (ASA)
C de Tom McCarthy (Editorial Presença)
O JOGO DO MUNDO de Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
DIÁRIO PARA ELIZA de Lawrence Sterne (Antígona)
O HERÓI DISCRETO de Mário Vargas Llosa (Quetzal)
HISTORIAS DE LOUCURA NORMAL de Charles Bukowski (Alfaguara)
ESTRADA PARA LOS ANGELES de John Fante (ALFAGUARA)
AS PRIMEIRAS COISAS de Bruno Vieira Amaral (Quetzal)
A RAPOSA AZUL de Sjon (Cavalo de Ferro)
À MESA COM KAFKA de Mark Crick (Casa das Letras)
LISBOA (A cidade vista de fora 1933-1974) de Neil Lochery (Editorial Presença)
ESCREVO PARA AJUSTAR CONTAS COM A IMPERFEIÇÃO de Ricardo Guimarães (Modo de Ler)
FUGAS de Alice Munro (Relógio D´Àgua)
DEIXA LÁ e MÁS NOVAS de Edward St Aubyn (Sextante Editora)
LIBRA de Don DeLillo (Sextante Editora)
CRÓNICAS DO AUTOCARRO de Manuel Jorge Marmelo (Ed. Autor by Oporto Lobers)
RELATÓRIO DO INTERIOR de Paul Auster (ASA) 

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