A CIDADE DOS PRODÍGIOS de Eduardo Mendoza (Sextante Editora)


O tempo é o único bem totalmente irrecuperável. Recupera-se uma posição, um exército e até um país, mas o tempo perdido, jamais.”
Napoleão Bonaparte
Mais um espantoso romance de Eduardo Mendoza. Dou por mim a repetir agradecimentos a quem me fornece pistas de leitura, e neste caso a introdução à obra deste autor foi a “A assombrosa viagem de Pompónio Flato”, que é de facto, uma assombrosa obra, um portento de humor e de desconstrução histórica. Este “A Cidade dos Prodígios” é construído num registo diferente, e tem como protagonista uma personagem invulgar, a própria cidade de Barcelona, com todas as suas crises e etapas de crescimento. Da primeira à segunda Exposição Universal de Barcelona, o percurso do crescimento da cidade, com todas as suas vicissitudes, políticas, económicas e sociais é acompanhado pelo lado humano pela personagem que nos acompanha ao longo do percurso e que o vai pontuando. Onofre Bouvila, um rapaz oriundo da Catalunha profunda e que chega a Barcelona sem nada. A vida e o trajeto de Bouvila, vai-se colar à transformação da cidade num percurso paralelo, muitas vezes coincidente no que diz respeito à forma como ambos crescem. A vida da cidade, desde o final do Séc. XIX até meados do Séc. XX, a forma como se desenvolve, com recurso a uma forma engenhosa de contar todas as “alavancagens” politicas, todas as formas de corrupção e de fazer com que Barcelona se transforme, é acompanhada pela ascensão de Onofre Bouvila até ao topo como um dos seus mais influentes cidadãos. Bouvila, cujo ascensão económica até se tornar um dos mais ricos, senão o mais rico, cidadão barcelonês, toma como meio de comparação uma desmedida ânsia de crescimento. É um romance muito agradável de ler, que nos dá, numa perspetiva abrangente um caminho comum, rumo à glória de ambos. Eduardo Mendoza consegue com uma escrita fluida e inteligente, nunca nos fazer perder o ritmo da leitura. E sabemos todos, os que gostam de ler, o quanto é importante num livro, essa característica. O ritmo a que a trama se desenvolve. A forma de (d)escrever e de construir as personagens e um sempre presente sentido da História, fazem deste livro uma homenagem muito particular à cidade de Barcelona. É sem a mais pequena hesitação que recomendo. E como já o disse relativamente ao autor, claramente não tenciono ficar por este par de obras. Eduardo Mendoza é, neste momento um dos meus autores favoritos. Aproveitem… e Boas Leituras! J

Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Contos Completos 1947-1992 de Gabriel Garcia Márquez (D. Quixote)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
Uma Mentira Mil Vezes Repetida de Manuel Jorge Marmelo (Quetzal)
O Ano do Dilúvio de Margaret Atwood (Bertrand)


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