O PRISIONEIRO DO CÉU de Carlos Ruiz Zafón (Planeta)
"Tudo
é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo."Friedrich Nietzsche
Na Mesinha De Cabeceira:
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
Para início de conversa devo afirmar que este livro que hoje se sugere foi, de facto, comprado no aeroporto. Não que, como mais de uma vez
aqui tenho abordado, Carlos Ruiz Zafón,
configure aquilo que genericamente
se costuma designar por autor de leituras aeroportuárias. Tema que certamente me garantiria uma boa polémica com
alguns dos puristas que enxameiam o terreno de
piso incerto que é a critica
literária, este de se saber quem, ou que tipo de livros, constituem essa categoria (muitas vezes injustiçada)
de "leitura de aeroporto".
Rótulos eventuais à parte o facto que aqui importa, e é o que me faz ciclicamente cá voltar com estas sugestões
que podem ou não agradar, é o de
que Carlos Ruiz Zafón é autor de um universo literário do qual me tornei claramente aficionado. Neste "O
Prisioneiro do Céu", regressamos
às personagens de "A Sombra do Vento" e a todo esse ambiente soturno e gótico que é a Barcelona dos anos
50 contada por Zafón. O
"Cemitério dos Livros Esquecidos" é como já o disse a propósito de romance anterior, uma das criações
literárias que mais fará sonhar
leitores e bibliófilos por esse mundo fora, e volta a aparecer neste livro. O magnífico Fermín Romero de
Torres, que é uma das personagens
mais bem conseguidas que tenho encontrado em tudo o que tenho lido nos últimos anos, volta e revela-nos
parte do seu passado, que
curiosamente está quase desde sempre ligado ao de Daniel Sempere, numa teia que cada vez mais se desenha de
forma visível. Este pequeno mundo
barcelonês, com o seu lado fantástico e quase místico entra-nos com facilidade, e é por aqui que damos conta
que vamos cada vez melhor
conhecendo a natureza dos homens e da sua perfídia. Neste livro, que deixa uma vez mais uma porta aberta para
uma resolução que se adivinha, e
uma vingança que fica por fazer, vemos também uma pequena homenagem a Dumas e ao "Conde de Monte
Cristo", transformando-se o
Castelo de If no de Montjuic. Enfim, um livro que se lê de seguida, num fôlego, e com ânsia renovada de
saber o que se irá passar a seguir.
E conforme aqui tenho repetido, o que não me
custa nada fazer, tem aquele que é
o sinal do bom entretenimento. Quando acaba ficamos a pedir mais. Não se pode pedir muito mais do que isso.
Nos livros e no
resto. Escrita numa ilha algures no Mediterrâneo,
espero que esta sugestão vos
apanhe em ou a caminho de férias. A ser assim, não percam tempo e aprisionem este livro que é à sua maneira um
bocadinho de céu.
Boa Semana e… Melhores Leituras! J
Na Mesinha De Cabeceira:
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
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