A METAMORFOSE de Franz Kafka (Guimarães)
“Apenas se deveriam ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo?” FRANZ KAFKA
“Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Gregor Samsa viu-se na sua casa, metamorfoseado num monstruoso insecto.” Esta é a mais que famosa primeira frase de “A Metamorfose” uma obra intemporal de Franz Kafka. Uma vez mais, vou entremeando as minhas sugestões entre o que vou lendo no momento e o que já li num passado mais ou menos remoto. Guardo deste livro muito boas recordações. Tem um grande conjunto de virtudes. É rápido de ler, fácil de perceber e depois dá para se lhe colar um sem numero de interpretações, o que ajuda sempre aqueles que gostam de forçar a análise para além dos livros, e muitas vezes para lá dos seus autores. Já eu, que nada mais pretendo do que incentivar a leitura, apresentando livros que me agradam e agradaram, (uns mais que outros, é certo), não me atiro a grande reflexões sobre a produção de terceiros. Esta coluna serve para sugerir e não para explicar ou justificar algumas metalinguagens que abundam na literatura. Curioso será o facto de Kafka ter escrito este livro em apenas três semanas, com apenas 29 anos de idade, em finais de 1912 e tê-lo publicado em 1915, e tendo afirmado que não gostava do resultado, que considerou “imperfeito e com um final ilegível”. Apesar disso, este livro é, quase um século volvido, um dos seus mais conhecidos escritos. Há um sem número de explicações para a metáfora da metamorfose de Gregor Samsa. Há quem tente o enquadramento histórico das vésperas da I Guerra Mundial, que justificaria o alienamento humano, o pessimismo e a falta de rumo do Homem. Há quem veja neste livro uma obra sobre o padrão económico e a relação de forças que afecta as relações humanas (aqui entre o patrão de Samsa e este), ainda entre a sua própria familia que dependia económicamente de Samsa e sómente o respeita enquanto ele cumpre com o papel de providenciar o sustento familiar, e quem veja nisto uma sublimação das hipocrisias familiares. Enfim, é quase para todos os gostos. O próprio Kafka era extraordináriamente avesso a que se visse neste conto algo que se relacionasse com a sua própria biografia e a conhecida má relação que mantinha com seu pai. Mas é inevitável que alguém o faça. De qualquer modo, pondo de lado as abordagens mais profundas e estudiosas, é um livro excelente e impactante. Não se esquece com facilidade. Põe-nos de facto a pensar. É muito bem escrito, incomparávelmente pensado e encerra apesar de algum negrume e mesmo horror contido na história, um lado de humor com muita relevância. É mais um conselho dado a com a segurança total de que não vão apenas gostar. Vão por vossa vez aconselhar. Evidentemente tudo isto só se aplica a quem por azar, ou desvio acidental, nunca leu. Se é o caso, corram a corrigir a falha.Boas Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
O Assédio de Arturo Perez Reverte (Asa)
A Casa Verde de Mario Vargas Llosa (Dom Quixote)
Suite Francesa de Irene Nemirovsky (Dom Quixote)
Comentários
BJO
passei por aqui e gostei bastante da maneira como comenta os livros que lê.
Ei de passar mais vezes por cá.
Boas leituras
silenciosquefalam.blogspot.com
Obrigado pelo comentário. São meras sugestões descontraídas de leitura, deixo a critica literária para quem se julgue capaz. Abraço.