O FANTASMA DE HARLOT de Norman Mailer (ASA)
"Não há nada em que paire tanta
sedução e maldição como num segredo" Soren Kierkegaard
A sugestão desta semana é
um livro especial. Em primeiro lugar pela importância do autor, Norman Mailer,
a par de Tom Wolfe (de quem aqui já sugeri algumas obras) e de Truman Capote como
um dos fundadores da não-ficção criativa ou Novo Jornalismo. Duas vezes galardoado
com o Premio Pulitzer, tem uma extensa e notável obra. Em segundo lugar pela
temática à qual regressarei de seguida. E em terceiro lugar porque é um livro,
que na edição que possuo, das Edições Asa, tem mais de 1400 páginas. A história
tem como tema e pano de fundo central, uma outra Central, a CIA (Central Intelligence Agency). É uma
história que percorre de forma intima todos os corredores, segredos e
vicissitudes da maior agência secreta do mundo. Partindo da visão de um homem e
de uma morte (ou desaparecimento) da personagem que dá o nome ao romance Hugh
“Harlot” Montague, este livro entra de forma absolutamente detalhada na teia de
relações que montam essa estrutura que, de certa forma, pelo menos no que se retira
desta leitura, faz coincidir a criação com o criador. Melhor dizendo, chega-se
a intuir que a CIA é uma forma não completamente percetível da própria noção do
Estado Americano. É o único livro que li até hoje de Norman Mailer. Sei mais
dele pela polémica opinião que dele tem Tom Wolfe, num dos artigos do seu, já
nesta coluna mencionado e sugerido “Hooking Up” de 2000, do que propriamente
pela obra publicada. Não é uma entrada fácil no universo literário de Mailer,
mas quero crer que o estilo se mantém nas demais obras. Para quem gosta de ter
um livro de longo alcance, no tema, na ação e neste caso no tempo também, é a
leitura indicada. Recomendo vivamente! Aproveito esta edição da “Estante” para
revelar que já a partir das próximas edições, esta coluna vai ser patrocinada
pela FNAC, o que, constitui para mim um grande motivo de orgulho e uma
responsabilidade acrescida também. Reafirmo no entanto o propósito inicial, que
é o de sugerir, e sugerir apenas, leituras que de uma forma ou de outra me
agradaram. Não faço crítica literária, ou se quiserem, faço-a no sentido em
que, do que não gosto não falo. Para falar do que não gostam parece-me a mim
que já os há bastantes… Boa semana e …
Melhores Leituras! J
Na Mesinha De Cabeceira:
REVER PORTUGAL de Jorge de
Sena (Guimarães)
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